As negociações foram realizadas em janeiro, em Omã, informou o Financial Times na quarta-feira, citando autoridades não identificadas dos EUA e do Irã. Os responsáveis omanenses atuaram como intermediários, movimentando-se entre os negociadores americanos e iranianos para que pudessem comunicar sem estabelecer contacto direto entre si.
Os ataques Houthi continuaram inabaláveis, sugerindo que as negociações secretas não conseguiram alcançar os resultados desejados. O FT não especificou se o Irã rejeitou o pedido dos EUA ou tentou, sem sucesso, persuadir os rebeldes a cessarem os seus ataques com foguetes e drones. Os líderes iranianos alegaram que, embora Teerã apoie politicamente o grupo militante, os Houthis agem de forma independente.
Os rebeldes lançaram dezenas de ataques a navios no Mar Vermelho e nas águas circundantes, perturbando o tráfego marítimo através de um dos corredores marítimos mais importantes do mundo. Os Houthis e outros militantes apoiados pelo Irão têm como alvo os interesses dos EUA, do Reino Unido e de Israel em todo o Médio Oriente – em solidariedade com o povo palestiniano – desde que a guerra Israel-Hamas começou em Outubro.
Os ataques Houthi continuaram apesar dos ataques aéreos contra o grupo por uma coligação militar liderada pelos EUA. O porta-voz Houthi, Yahya Saree, prometeu “confrontar a escalada americano-britânica com escalada e não hesitará em realizar operações militares abrangentes e eficazes em retaliação a qualquer tolice anglo-americana contra o amado Iémen”.
O Irã terá procurado evitar a escalada das tensões com Washington, desencorajando as suas milícias afiliadas de novos ataques a bases militares americanas no Iraque e na Síria, depois de três soldados dos EUA terem sido mortos num ataque de drones perto da fronteira entre a Jordânia e a Síria, no final de Janeiro. Um responsável iraniano disse ao FT que quando um general importante visitou Bagdad no mês passado, aconselhou as milícias iraquianas a “gerirem o seu comportamento de uma forma que não permita que a América se envolva com o Irã”.
Os negociadores dos EUA – liderados pelo conselheiro da Casa Branca para o Médio Oriente, Brett McGurk, e pelo enviado Abram Paley – também expressaram preocupações sobre a expansão do programa nuclear do Irã, de acordo com o relatório. O Irão foi representado pelo seu vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Ali Bagheri Kani, que é o principal negociador nuclear de Teerã.
A administração Biden vê os canais de comunicação indirectos como “um método para levantar toda a gama de ameaças que emanam do Irã”, disse o FT. Os negociadores da Casa Branca transmitiram aos iranianos “o que precisam de fazer para evitar um conflito mais amplo, como afirmam querer”.
Uma segunda ronda de negociações, supostamente agendada para o mês passado, foi adiada porque McGurk estava concentrado em tentar ajudar a mediar um cessar-fogo na guerra Israel-Hamas. O conflito em Gaza também atrapalhou os esforços dos EUA para negociar medidas de desescalada com o Irão, incluindo limitações ao enriquecimento de urânio da República Islâmica, disse o FT.
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