quinta-feira, 14 de março de 2024

Greve geral dos jornalistas portugueses comecou hoje

Greve geral nas redações
Os jornalistas estão, nesta quinta-feira, em greve geral. É a primeira em mais de 40 anos (a última foi em 1982) e foi marcada na sequência do 5.º Congresso dos Jornalistas, que decorreu em janeiro deste ano, em Lisboa.

Os baixos salários, a precariedade e uma crescente degradação das condições de trabalho são algumas das razões que levaram os profissionais a avançar com a greve, marcada por manifestações um pouco por todo o país.

Em Lisboa, por exemplo, está marcada uma concentração para o Largo de Camões, às 18h00. Já no Porto, na praça Humberto Delgado, a manifestação começa às 12h00, e em Coimbra o arranque foi marcado para as 9h00.

"Espero uma forte adesão porque na verdade a precariedade é muito mais alta que na generalidade dos outros setores, os salários são cada vez mais baixos, não temos progressões de carreira reiteradamente nos últimos 20 anos", elencou o presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), Luís Simões, em declarações à agência Lusa, que anunciou que o seu "normal serviço" poderá "sofrer perturbações" durante o período da greve - das 00h00 às 24h00 desta quinta-feira.

No caderno reivindicativo da greve, que foi publicado no website do SJ, argumenta-se que "a insegurança no emprego, a par com os salários baixos praticados no setor, é um grave obstáculo ao desenvolvimento pleno da profissão de jornalista".

"É um entrave ao próprio direito dos cidadãos de serem informados livremente", continua a missiva, onde os jornalistas exigem "aumentos salariais em 2024 superiores à inflação acumulada desde 2022 e a melhoria substancial da remuneração dos freelancers", a "garantia de um salário digno à entrada na profissão e de progressão regular na carreira" e "o pagamento de complementos por penosidade, trabalho por turnos e isenção de horário", entre várias outras reivindicações que pode consultar no website.

Solidária com a greve está a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), que disse que "acompanha as reivindicações pelas quais lutam os jornalistas", num setor "caraterizado pelo domínio de grandes grupos económicos e financeiros e pela elevada concentração da propriedade dos órgãos de comunicação social".

Já o 'chief development officer' (CDO) da Sonae, João Günther Amaral, considerou que a greve geral de jornalistas é um "reflexo do desafio de reinvenção" que a comunicação social enfrenta em todo o mundo.

"Entendemos que o que está a acontecer é reflexo do enorme desafio que os meios de comunicação social enfrentam hoje em dia, não só em Portugal, mas na Europa e no mundo, e que é um desafio de reinvenção, com tudo o que está a acontecer ao nível das plataformas digitais e da canalização dos meios que eram investidos em jornais e que geravam as receitas dos jornais e de outros meios de comunicação social, e que estão a ser canalizados para outro lado", afirmou o responsável.

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