GAME OVER - Armas de inteligência artificial são uma ameaça existencial

O mundo poderá enfrentar grandes desastres antes que o uso de armas de Inteligência Artificial (IA) seja regulamentado de maneira adequada, de acordo com o cientista Geoffrey Hinton, vencedor do Prêmio Turing, visto como um pioneiro da tecnologia.

O antigo engenheiro da Google, que deixou a empresa no ano passado, comparou a utilização da tecnologia para fins militares à implantação de armas químicas – alertando que “coisas muito desagradáveis” ocorrerão antes que a comunidade global chegue a um acordo abrangente comparável às Convenções de Genebra.

“A ameaça de que falei é a ameaça existencial”, disse o professor Hinton na terça-feira numa entrevista à emissora irlandesa RTE News, enfatizando que “estas coisas vão ficar muito mais inteligentes do que nós e vão assumir o controle”.

O cientista da computação destacou o impacto da IA na desinformação e no deslocamento de empregos, e também nas armas do futuro.

“Uma das ameaças são os ‘robôs de batalha’, que tornarão muito mais fácil para os países ricos travarem guerra contra países menores e mais pobres e serão muito desagradáveis e penso que virão inevitavelmente”, alertou Hinton.

Ele instou os governos a pressionarem as grandes empresas de tecnologia, especialmente na Califórnia, para que conduzam pesquisas aprofundadas sobre a segurança da tecnologia de IA.

“Em vez de ser uma reflexão tardia, deveria haver incentivos governamentais para garantir que as empresas investissem muito na segurança e parte disso está acontecendo agora”, disse Hinton.

O cientista destacou ainda os enormes benefícios que a IA pode trazer à humanidade, nomeadamente na área da saúde, acrescentando que não se arrepende de nenhuma das suas contribuições para a tecnologia.

Apesar do crescente interesse na IA, várias figuras de destaque na indústria tecnológica alertaram para os perigos potenciais representados pela adoção não regulamentada da tecnologia. Hinton, que deixou o Google no ano passado, lançou uma campanha na mídia para alertar sobre os riscos. O CEO da Tesla, Elon Musk, o cofundador da Apple, Steve Wozniak, e Yoshua Bengio, que é considerado um pioneiro da IA por seu trabalho em redes neurais, estavam entre as principais figuras da indústria que assinaram uma carta no ano passado pedindo uma regulamentação agressiva do setor de IA.