terça-feira, 4 de março de 2025

TOMO MDCCLXXIV - OCULTAÇÃO DAS VERDADES NO CONTEXTO DAS VERDADES COLETIVAS


Historicamente, sou uma pessoa que pode afirmar, com todas as letras, que viveu um golpe de Estado, que desembocou numa ditadura militar, já, esta verdade história, não é compartilhada, por quase ninguém das pessoas próximas, minhas irmãs mais velhas, meus colegas de primário, nem pelos adultos da época, quase todos já falecidos. Esta  incontestável verdade histórica, no tocante a golpes de Estado, omite um outro golpe, que até mesmo a história omite, quiçá a memória das pessoas com quem convivi e, seriam as responsáveis pela formação da minha verdade. 

O golpe de Estado, omitido pela história, que mormente eu nem deveria lembrar, é o golpe do parlamentarismo, "imposto ao João Goulart" quando da renúncia do Jânio Quadros, "25/08/61". Se as pessoas não têm nem mesmo a percepção da existência de um golpe de Estado oficialmente reconhecido, ainda que a história oficial, por muito tempo, o difundiu como uma revolução, não nos cabe hoje, classificar tal diferença. Mas, cabe realçar, que este nada mero detalhe, tornou herói um vilão, que já neste séc, um de seus herdeiros, dorme em berço esplêndido desta fama.


Se a ditadura oriunda deste golpe, é ignorada por quase toda a população, que chega, inclusive, a cultuar esta ditadura como uma coisa boa, atribuindo a ela, a verdade difundida por ela, como um "arauto da honestidade" só que tal fama foi construída de maneira para lá de "normalizada" todo aquele que acusava tal ditadura de corrupta, terminava, desaparecido, como o ex-deputado Rubens Paiva, personagem que motivou o filme "AINDA ESTOU AQUI". Estamos falando que tal honestidade era apenas uma "verdade construída", sem nenhum vínculo com a verdade. Porém, esta verdade construída e quase imperceptível, levou milhares de pessoas às ruas clamarem pela instauração de uma outra ditadura.


Antes de chegarmos a estes milhões de pessoas nas ruas, houve dois outros golpes de Estado, ambos ignorados. O primeiro, batizado de impeachment, contra a presidenta Dilma, acusado de um crime não cometido, com base numa lei que só existiu para condená-lo, sendo revogada logo depois, o segundo golpe deste momento histórico, foi a prisão do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apenas para o impedir de concorrer as eleições presidenciais de "2018".


Se nem o golpe de Estado incontestável, as pessoas guardam percepção da existência, imaginem dos outros três, aqui mencionados?


O problema é que esta não percepção da realidade, conduz à sociedade como um todo, a cultuar esta mentira coletiva como a única verdade, logo, além de inquestionável, passa a ser também o único remédio, inclusive, para doenças inexistentes, ou fabricadas para dar vazão a sede, tanto de lucro, quanto de poder das elites.


A verdade coletiva é formada pela soma das verdades individuais, que nem sempre tem lastro nenhum com a verdade. O problema é que as elites, só são elites, porque manipulam a opinião pública a construírem a sociedade que lhes agrade. Caberá sempre a nós, que não pertencemos as elites, fazer a construção de uma verdade verdadeira, aquela verdade que permita a construção de uma sociedade sem exploração.


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