terça-feira, 11 de março de 2025

Ucrânia e EUA discutem cessar-fogo com a Rússia

A Ucrânia disse que as negociações de terça-feira com os Estados Unidos na Arábia Saudita começaram de forma construtiva para buscar um cessar-fogo parcial com a Rússia, após o maior ataque de drones ucranianos em território russo desde que o conflito começou, há mais de três anos.
O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sibiga, estão participando da reunião na cidade de Jeddah, no Mar Vermelho.

A primeira sessão durou pouco mais de três horas e foi retomada à tarde, no momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, pressiona a Ucrânia a acabar com a guerra.

"As negociações estão ocorrendo normalmente e muitas questões foram abordadas", disse uma alta autoridade ucraniana sob condição de anonimato. Este é o primeiro encontro ucraniano-americano de alto nível desde o acalorado confronto entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky na Casa Branca em 28 de fevereiro.

Autoridades ucranianas estão propondo uma trégua "no ar e no mar" com a Rússia, disse uma alta autoridade à AFP na segunda-feira, sob condição de anonimato.

Desde que assumiu o cargo, Trump vem pressionando a Ucrânia para acabar com a guerra que começou com a invasão do país pela Rússia em fevereiro de 2022.

"Estamos prontos para fazer todo o possível para alcançar a paz", disse o chefe da presidência ucraniana, Andrii Yermak, aos repórteres ao entrar na sala de negociações, dizendo que as negociações começaram "de uma maneira muito construtiva".

A reunião acontece poucas horas após o maior ataque de drones da Ucrânia à Rússia desde o início da invasão.

No entanto, as autoridades russas disseram que o ataque, que deixou três mortos e 18 feridos, foi um fracasso e anunciaram que destruíram 343 drones, incluindo 91 na região de Moscou e 126 na região de Kursk, na fronteira com a Ucrânia, que é parcialmente ocupada por forças ucranianas.

Questionado sobre as negociações na Arábia Saudita, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que cabe à Ucrânia mostrar que está pronta para a paz. "Não importa o que (esperamos)", disse ele.

O enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse que as negociações tinham como objetivo "definir uma estrutura para um acordo de paz e um cessar-fogo inicial" entre a Rússia e a Ucrânia.

"Concessões"
Esses são os primeiros contatos de alto nível entre a Ucrânia e os Estados Unidos desde que o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky visitou a Casa Branca em 28 de fevereiro, onde entrou em choque verbal com Donald Trump e seu vice-presidente JD Vance diante da imprensa e ao vivo.

Desde então, Washington suspendeu a assistência militar a Kiev e o compartilhamento de inteligência, vitais para a linha de frente da Ucrânia, enquanto Trump começou a se aproximar da Rússia.

Pouco antes de sua chegada a Jeddah, o Secretário de Estado Marco Rubio saudou a ideia de um cessar-fogo parcial como promissora.

"Não estou dizendo que isso por si só seja suficiente, mas é o tipo de concessão necessária para acabar com o conflito", disse ele aos repórteres. "Não alcançaremos um cessar-fogo e o fim desta guerra se ambos os lados não fizerem concessões", acrescentou.

As negociações estão ocorrendo em um momento difícil para a Ucrânia.

A Rússia anunciou na terça-feira que havia recapturado 12 cidades e "mais de 100 quilômetros quadrados" de sua região fronteiriça de Kursk do exército ucraniano.

A Ucrânia lançou uma ofensiva surpresa nesta região russa que faz fronteira com a Ucrânia em agosto de 2024 e conseguiu ocupar várias centenas de km2, um território que poderia servir como moeda de troca com Moscou em futuras negociações.

Mas, desde então, os russos já recapturaram mais de dois terços do território conquistado inicialmente com o apoio, segundo a Ucrânia e a Coreia do Sul, de milhares de soldados norte-coreanos.

Antes do início da reunião, a China disse que espera uma "solução justa e duradoura" para a guerra e "apoia todos os esforços que contribuam para uma resolução pacífica da crise".

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