Com mochilas e sacolas contendo algumas roupas e alimentos, famílias inteiras, incluindo várias crianças, deixaram os povoados de El Porvenir e Las Lajitas, no município de Alotenango, para se refugiar na prefeitura, a cerca de 10 km de distância, ou nas casas de parentes ou amigos.
"Ontem à noite ouvimos estrondos e depois uma forte erupção. Temos fé em Deus que a atividade do vulcão vai se acalmar em breve", disse Manuel Cobox, 46, à AFP. Ele foi evacuado de El Porvenir para o abrigo temporário com sua esposa e três filhas.
O colosso de 3.763 metros de altura está localizado entre os departamentos de Escuintla, Chimaltenango e Sacatepéquez. É considerado o vulcão mais ativo da América Central e suas emissões e erupções aumentaram no domingo, liberando colunas de lava, cinzas e rochas.
Juan Laureano, porta-voz da Coordenação Nacional para a Redução de Desastres (Conred), disse que "como medida preventiva, cerca de 125 famílias, aproximadamente 900 pessoas", foram evacuadas de El Porvenir e outras de Las Lajitas.
"Transportamos pessoas que passaram por cirurgias recentemente ou que têm algum problema de saúde", disse à AFP o bombeiro independente Cesar Chavez, 50 anos.
Muitos moradores chegaram à sede municipal de Alotenango em ônibus e outros em patrulhas policiais.
Na noite de domingo, Conred declarou alerta laranja para "coordenar ações de prevenção e resposta" com os prefeitos dos municípios próximos ao vulcão.
Claudinne Ogaldes, chefe da agência de proteção civil, explicou em uma entrevista coletiva na segunda-feira que cerca de 30.000 pessoas nos três departamentos estão "em risco" e pediu "autoevacuações", se necessário.
A última grande erupção do vulcão Fuego ocorreu em maio de 2023 e causou a evacuação de cerca de 1.200 pessoas.
Medo após a tragédia de 2018
Uma erupção do vulcão Fuego causou uma avalanche de material em chamas em 3 de junho de 2018, que devastou a comunidade de San Miguel Los Lotes em Escuintla e parte de uma estrada em Alotenango, deixando 215 mortos e um número semelhante de desaparecidos.
"Nós evacuamos por obediência, por causa do que aconteceu em 2018. Não acreditávamos na magnitude e uma tragédia aconteceu", acrescentou Cobox, que trabalha em sua comunidade em uma fazenda de porcos.
Amanda Santos, uma governanta de 58 anos, disse que quando ouviu as sirenes de incêndio decidiu sair também. "Porque, assim como há alguns anos (em 2018), esperamos muito tempo e, por puro milagre de Deus, também estamos vivos", comentou.
"É por isso que tememos que muitas pessoas tenham morrido naquela erupção. Então por que esperar mais?", acrescentou.
O governo suspendeu as aulas em Alotenango e outros três municípios. Também fechou uma estrada que atravessa a cidade e liga o sul do país à cidade colonial de Antígua, principal ponto turístico da Guatemala e Patrimônio Mundial da UNESCO desde 1979.
Laureano acrescentou que eles também estão monitorando a descida de fluxos piroclásticos — uma mistura de gases, cinzas e blocos de rocha em altas temperaturas que descem em alta velocidade — que descem pelas encostas do vulcão.
O Instituto de Vulcanologia estatal recomendou que o tráfego aéreo tome precauções devido às cinzas que se movem cerca de 50 km a oeste do cone vulcânico, acrescentando que as colunas de lava sobem cerca de 300 metros acima da cratera.
O vulcão Fuego é considerado o mais ativo da América Central desde a chegada dos conquistadores espanhóis.
Na Guatemala, os vulcões Santiaguito (oeste) e Pacaya (sul) também estão ativos.
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