Um espectro ronda o mundo. Não, não estamos falando de Donald Trump, imperador do globo, não estamos falando do avanço do neo-fascisdmo na Europa, da devastação ambiental, do aumento escandaloso da concentração de renda promovido pelo capitalismo, sistema econômico que foi abraçado por partes cada vez maiores de uma suposta esquerda. Não, nada disso.
O que são essas tragédias que assolam o mundo perto do crescimento dos insidiosos movimentos denominados pelos seus detratores como identitários? Sim, se você ler a mídia corporativa e mesmo parte da mídia supostamente progressista descobrirá, consternado, que esse movimento criou intolerância, lacração, ameaça às instituições democráticas e foi culpado pela vitória do Capitão Bolsonaro no Brasil em 2018 e Donald Trump nos Estados Unidos em 2024.
Ou seja, mulheres, negros, LGBTQI+ deveriam calar a boca e morrer em silêncio, pois seu ruído incomoda liberais, a direita fascistóide, os falsos progressistas e a esquerda jurássica.
O Brasil possui índices alarmantes de feminicídio e agressão contra gays, lésbicas e trans? Negros ainda são minoria nas universidades, nos melhores postos de trabalho, no judiciário, na cúpula das forças armadas e são assassinados pelas forças de segurança estaduais, mesmo em estados que possuem supostamente governos progressistas? Obviamente são tragédias provocadas pelo zodíaco ou castigo dos deuses, que segundo diziam os gregos, antes de destruir os homens os enlouquecem!
Se alguém se insurge contra esse estado de coisas deplorável será chamado (a) de histérica (no caso das mulheres com opiniões a respeito) ou lacradores (todos os demais).
Engraçado que não vejo tão doutos intelectuais (ou nem tanto) se mobilizarem conta o genocídio da juventude negra, matança de índios e devastação ambiental. Quando essas pessoas escolhem o culpado a ser condenado fica muito claro de que lado estão.
Que a direita haja dessa forma, nenhuma novidade. Afinal a direita é de… Direita, oras! Quando supostos progressistas começam a abraçar a pauta reacionária, realmente algo está muito, muito errado! Antonio Risério, Maria Rita Khel, Mariliz Pereira Jorge e outros antigos ou supostos progressistas foram abraçados por aquilo que há de mais odioso na sociedade ao escreverem diatribes contra o chamado “identitarísmo”. Se era isso que pretendiam, parabéns! Talvez eles estejam alegremente “furando a bolha”, como dizem, alguns liberais e esquerdistas ingênuos. O problema de furar algumas bolhas é que você pode se afogar. Principalmente dependendo do apoio que recebe do outro lado da tal bolha!
E, francamente, se é para criticar o identitarísmo, por que não discutir o identitarísmo dos homens brancos heterossexuais, dos trinetos de pomeranos do sul do país que se julgam alemães e abraçam o reacionarismo mais odioso, dos faraialimers com seu culto fanático ao deus-mercado, dos judeus reacionários que justificam a política genocida do Estado de Israel?
Ah, mas aí é diferente, dirão alguns. Sim, é. E por isso deveríamos colocar essa discussão na mesa. O resto é papo de branco querendo manter tudo como sempre foi.
E tenho dito!
Por: Benedito Carlos dos Santos - Historiador
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