China alerta EUA sobre contramedidas: "Não há vencedores na guerra comercial"

A China alertou na sexta-feira que responderá com contramedidas se os Estados Unidos continuarem a impor tarifas, alertaram o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o ministro do Comércio, Wang Wentao, acrescentando que não há vencedores em uma guerra comercial.

No âmbito do encontro político mais importante da China, as Duas Sessões, realizado nesta capital, as autoridades ofereceram uma coletiva de imprensa separada, na qual discutiram as relações diplomáticas com os Estados Unidos. O ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, disse que seu país implementou políticas muito restritivas em relação ao fentanil, então os Estados Unidos devem abordar o problema e não impor tarifas sem razões justificadas.

Ele disse que os Estados Unidos deveriam analisar suas decisões, por exemplo, para determinar se a imposição de tarifas melhorou a inflação ou a qualidade de vida de seus cidadãos. Se a cooperação for escolhida, benefícios serão alcançados, mas se não, responderemos com contramedidas. Conflito e confronto não devem ser uma opção. Os EUA devem ser conscientes e objetivos sobre o desenvolvimento da China ao lidar uns com os outros, e beneficiar ambos os países e o mundo, disse Wang, não tirando vantagem ou intimidando países mais fracos.

No dia anterior, o ministro do Comércio, Wang Wentao, disse que as decisões de Washington eram chantagem resultante de uma ação unilateral que causou grandes danos.

Esta não é uma política muito inteligente. Os mercados de ações nos Estados Unidos sofreram uma queda depois que essas medidas tarifárias foram tomadas, e ninguém se beneficiará.

Ele disse que o diálogo continua para um possível encontro entre as duas nações, a fim de promover o desenvolvimento saudável das relações comerciais, que aumentaram 18% desde 2017, mas ainda não há datas possíveis.

Rejeita a Doutrina Monroe

Falando sobre a América Latina, Wang Yi disse que os povos da América Latina e do Caribe não são o quintal de ninguém.

“O que os povos da América Latina e do Caribe querem construir é sua própria casa, o que os países esperam é independência e autodeterminação e não a Doutrina Monroe.

A cooperação entre a China e a América Latina e o Caribe foi bem-vinda porque respeita a vontade desses povos, atende às necessidades dos países e oferece uma opção confiável e uma ampla perspectiva para a revitalização da região.

Ele ressaltou que a cooperação com a América Latina é caracterizada pelo apoio mútuo e não tem cálculos geopolíticos, pois a China busca benefícios compartilhados, nunca busca uma esfera de influência ou tem como alvo qualquer parte.

Em sua mensagem, que durou mais de uma hora, ele falou sobre as relações diplomáticas com a Rússia, que, ressaltou, não mudarão apesar da situação internacional. No mundo turbulento e mutável de hoje, a diplomacia estará do lado certo da história e proporcionará certeza a um mundo incerto, disse ele, acrescentando que Pequim não cai em provocações e não seremos intimidados pela pressão.

Nossos passos históricos em direção à grande nação chinesa não podem ser parados. Provaremos com fatos que o desenvolvimento pacífico garantirá a sustentabilidade, seremos uma força progressiva, defenderemos o multilateralismo e o bem-estar do povo, disse Wang, observando que a China realizou 130 reuniões com líderes de outras nações.

Sobre a guerra na Ucrânia, o governante destacou a postura política do seu governo, que descreveu como calma e equilibrada, sempre visando gerar consenso entre as partes.

A China acolhe todos os esforços em prol da paz, mas este conflito tem questões complexas. A China está disposta a apoiar uma paz duradoura e ambos os lados devem estar cientes disso.