Ozturk foi uma dos quatro estudantes que coescreveram um artigo de opinião no The Tufts Daily em março criticando a resposta da universidade às resoluções aprovadas pelo Community Union Senate exigindo que a Tufts "reconhecesse o genocídio palestino", divulgasse seus investimentos e se desfizesse de empresas com laços diretos ou indiretos com Israel.
Alguns amigos indicaram que Ozturk não estava intimamente envolvida em protestos contra Israel. Mas depois que o artigo de opinião foi publicado, seu nome, foto e histórico de emprego foram apresentados no Canary Mission, um site que afirma rastrear “pessoas antissemitas que promovem o ódio contra os Estados Unidos, Israel e judeus em campi universitários norte-americanos”.
“Um visto é um privilégio, não um direito”, disse o funcionário do DHS. "Glorificar e apoiar terroristas que matam americanos é motivo para revogação de visto. Isso é segurança de senso comum", ele acrescentou.
Rumeysa Ozturk, 30, uma estudante de pós-graduação na Escola de Artes e Ciências da Tufts, tinha acabado de sair de casa em Somerville para se encontrar com amigos na terça-feira à noite quando foi detida por agentes federais, disse a advogada Mahsa Khanbabai em uma petição apresentada no tribunal federal em Boston.
Um vídeo obtido pela Associated Press parece mostrar seis pessoas, com os rostos cobertos, pegando o telefone de Ozturk enquanto ela grita e é algemada.
Khanbabai disse que Ozturk, que é muçulmana, estava se encontrando com amigos para o iftar, uma refeição que quebra o jejum ao pôr do sol durante o Ramadã.
O presidente da Universidade Tufts, Sunil Kumar, confirmou que a instituição foi informada da prisão do estudante e da revogação do visto, acrescentando que "a universidade não tinha conhecimento prévio deste incidente e não compartilhou nenhuma informação com autoridades federais antes do evento".
A representante democrata Ayanna Pressley declarou a prisão "uma violação horrenda dos direitos constitucionais de Rumeysa ao devido processo legal e à liberdade de expressão".
A procuradora-geral de Massachusetts, Andrea Joy Campbell, chamou o vídeo de "perturbador".
"Com base no que sabemos agora, é alarmante que o governo federal tenha decidido emboscá-la e detê-la, aparentemente visando uma pessoa cumpridora da lei por causa de suas opiniões políticas", disse ele. "Isso não é segurança pública, é intimidação que será, e deverá, ser examinada de perto no tribunal."
Estudantes e professores de outros países também tiveram seus vistos revogados ou foram impedidos de entrar nos Estados Unidos recentemente porque participaram de manifestações ou expressaram publicamente apoio aos palestinos. O governo Trump citou uma disposição legal raramente invocada que autoriza o secretário de Estado a revogar vistos de estrangeiros que possam ser considerados uma ameaça aos interesses da política externa dos EUA.
Centenas de pessoas se reuniram em um parque de Somerville para apoiar Ozturk na quarta-feira. Orador após orador exigiu a libertação deles e acusou republicanos e democratas de não protegerem os imigrantes e defenderem os palestinos.
Antes de frequentar a Tufts, Ozturk obteve um mestrado no programa de Psicologia do Desenvolvimento do Teachers College, da Universidade Columbia, na cidade de Nova York, de acordo com um artigo de ex-alunos de 2021.
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