Alemanha revela como vazou a chamada de ‘ataque à ponte da Crimeia’

Um lapso de um oficial sênior da Força Aérea Alemã levou ao recente vazamento de uma discussão confidencial sobre um possível ataque à ponte russa da Crimeia, disse o ministro da Defesa, Boris Pistorius. Atores externos não obtiveram acesso aos canais de comunicação utilizados pelos militares alemães, insistiu ele.

Na sexta-feira passada, Margarita Simonyan, publicou um áudio de 38 minutos datado de 19 de fevereiro, no qual quatro oficiais da Força Aérea Alemã (Luftwaffe), incluindo seu chefe, Ingo Gerhartz, discutiram como a Ucrânia poderia usar o Taurus de longo alcance. mísseis de cruzeiro contra a Rússia caso Berlim decida fornecê-los.

Entre outras coisas, os oficiais teorizaram sobre um ataque ucraniano na ponte da Crimeia, de 18 km, que liga a península ao sul da Rússia, bem como sobre formas de negar de forma plausível o envolvimento de Berlim. O chanceler Olaf Scholz já citou o medo de desencadear um conflito mais amplo como a razão pela qual o seu país não fornecerá os mísseis a Kiev.

No sábado, uma porta-voz do Ministério da Defesa alemão confirmou a veracidade da gravação vazada.

Falando numa conferência de imprensa em Berlim na terça-feira, Pistorius revelou que, de acordo com as conclusões preliminares de uma investigação interna, o vazamento foi possível devido a um “erro individual do usuário” por parte de um dos oficiais. Ele participou da reunião virtual vindo de Cingapura, onde participava de um show aéreo.

“Os nossos sistemas de comunicação não foram comprometidos”, insistiu o ministro.

O chefe da defesa alemão afirmou ainda que foi lançada uma investigação preliminar sobre a conduta dos agentes, o que poderá resultar em ações disciplinares contra os envolvidos no vazamento.

Comentando a violação no domingo, Pistorius afirmou que foi um “ataque híbrido visando a desinformação” e representou “parte de uma guerra de informação que Putin está travando”. O ministro sugeriu que o vazamento foi realizado com a intenção de semear a divisão dentro do país sobre o conflito na Ucrânia e minar a determinação alemã.

Scholz classificou o incidente como um “assunto muito sério”, acrescentando que “agora está sendo investigado de forma muito intensa, cuidadosa e rápida”.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na segunda-feira que a discussão vazada sobre “planos para lançar ataques em território russo” por oficiais alemães “mais uma vez confirma o envolvimento direto… do Ocidente Coletivo no conflito em torno da Ucrânia”.

Moscou também convocou o embaixador alemão na Rússia, Alexander Graf Lambsdorff, para apresentar um protesto oficial após o vazamento.