O primeiro-ministro indiano Narendra Modi comentou na quinta-feira pela primeira vez sobre a situação em Manipur, dirigindo-se à imprensa antes da sessão de monções do Parlamento. Ele afirmou que o incidente envergonhou 1,4 bilhão de indianos e garantiu que “nem mesmo um único culpado será poupado”.
“O incidente que veio à tona em Manipur é um incidente vergonhoso para qualquer sociedade civilizada. O país inteiro está envergonhado... todas as 140 milhões de pessoas estão se sentindo envergonhadas por causa disso. Apelo a todos os ministros-chefes de todo o país para fortalecer as leis e tomar medidas rigorosas contra o crime, especialmente contra nossas mães e filhas”, disse o primeiro-ministro Modi. Ele não fez um comentário mais amplo sobre os confrontos étnicos que ocorrem no estado remoto há vários meses.
O incidente capturado no vídeo perturbador supostamente ocorreu em 4 de maio no distrito de Kangpokpi, um dia após o início da violência em massa estimulada por um conflito étnico. De acordo com a mídia indiana, uma queixa apresentada à polícia disse que várias mulheres foram sequestradas por uma multidão e despidas. O grupo também supostamente estuprou as mulheres e matou os familiares de uma delas. Segundo o The Wire, as duas mulheres do vídeo afirmaram que a polícia esteve presente no local, mas não ajudou. Outra reportagem no The Print no início deste mês supostamente publicou um relato detalhado do incidente de uma das mulheres que aparecem no vídeo.
Na quinta-feira, 20 de julho, um dia após o surgimento do vídeo de dois meses, a polícia de Manipur disse que um dos homens vistos no conteúdo foi preso. O ministro-chefe do estado, N Biren Singh, anunciou que uma investigação estava em andamento e medidas rigorosas seriam tomadas contra todos os perpetradores, incluindo a possibilidade de pena capital para aqueles que cometeram estupro. Enquanto isso, o governo indiano solicitou ao Twitter e outras plataformas de mídia social que retirem o vídeo enquanto o assunto está sob investigação, informou a agência de notícias ANI, citando fontes.
Reagindo ao vídeo na noite de quarta-feira, o ministro da União para Mulheres e Desenvolvimento Infantil e o ministro de Assuntos das Minorias, Smriti Irani, chamaram o incidente de "condenável e totalmente desumano".
Os partidos de oposição criticaram o governo liderado por Modi por não abordar a situação em Manipur e o primeiro-ministro Modi pessoalmente por manter silêncio sobre a violência. Afirmando que "a humanidade morreu em Manipur", o presidente do Congresso, Mallikarjun Kharge, disse que o governo de Narendra Modi e o partido governante BJP "transformaram a democracia e o estado de direito em mobocracia, destruindo o delicado tecido social do estado". Outros líderes do Congresso, bem como parlamentares de vários outros partidos, condenaram veementemente o vídeo, buscando a reação do primeiro-ministro.
Manipur está em profunda crise depois que a violência eclodiu em maio, após protestos de comunidades indígenas que buscam status tribal, principalmente os Kukis, contra as demandas da comunidade dominante Meiteis. Os confrontos subsequentes já mataram mais de 150 pessoas e deslocaram dezenas de milhares de pessoas. No início deste mês, a Suprema Corte da Índia instruiu os governos federal e estadual a “tomar medidas suficientes para garantir a proteção de vidas e propriedades de todos os cidadãos e residentes de Manipur”.
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