A decisão foi anunciada num comunicado conjunto publicado no X (antigo Twitter) no domingo, após uma reunião de dois dias na capital do Mali, Bamako, centrada nos planos para desenvolver a nova Aliança dos Estados do Sahel (AES).
Os governantes militares das três ex-colónias francesas assinaram a carta da AES em Setembro, concordando em ajudar-se mutuamente em caso de agressão externa ou ameaças internas à sua soberania. Os estados eram anteriormente membros do acordo do G5 Sahel, apoiado por Paris, juntamente com o Chade e a Mauritânia. Desde então, o acordo do G5 ruiu, na sequência de uma série de golpes militares na região.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros das três nações do Sahel realizaram a sua primeira reunião de quinta a sexta-feira e concordaram em “medidas apropriadas”, incluindo protocolos para implementar o pacto AES.
“Os Ministros recomendaram incentivar a participação de representantes eleitos, mulheres, jovens e sociedade civil nas iniciativas da AES”, segundo o comunicado conjunto.
Salientaram ainda a importância da diplomacia e da defesa na expansão da sua integração política e económica.
Anteriormente, os ministros das finanças dos países propuseram a criação de um fundo de estabilização e de um banco de investimento para a AES, bem como de um “comité encarregado de aprofundar as discussões sobre questões da união económica e monetária”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Mali, Abdoulaye Diop, que recebeu a sua homóloga do Burkina Faso, Olivia Rouamba, e o nigeriano Bakary Yaou Sangare, disse que as recomendações serão apresentadas aos governantes militares, que deverão reunir-se em Bamako numa data não especificada.
No mês passado, o líder golpista nigeriano, general Abdourahamane Tchiani, viajou para o Mali e Burkina Faso, nas suas primeiras viagens ao estrangeiro desde a deposição em Julho do presidente do Níger, Mohammed Bazoum. O General Tchiani agradeceu aos seus homólogos em Bamako e Ouagadougou pela assistência que prestaram a Niamey, que, segundo ele, permitiu ao Níger resistir às ameaças do bloco regional da África Ocidental, CEDEAO. A aliança de 15 estados ameaçou enviar forças militares contra as novas autoridades de Niamey e congelou as contas do país nos bancos centrais regionais em resposta à derrubada de Bazoum.
Durante a sua visita, o novo governante nigeriano elogiou a criação da AES, que, segundo ele, transformaria a região do Sahel, atormentada por grupos jihadistas, de uma “zona de insegurança” para uma “zona de prosperidade”.
O Mali e o Burkina Faso manifestaram solidariedade com a liderança do Níger, alertando contra intervenções militares em Niamey destinadas a restaurar o Presidente pró-Ocidente Bazoum.
Os três estados da África Ocidental cortaram laços militares com a França, cujas tropas estiveram anteriormente envolvidas no combate a insurreições ligadas à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico.
Entretanto, uma delegação russa liderada pelo vice-ministro da Defesa, coronel-general Yunus-Bek Yevkurov, reuniu-se com o presidente interino do Mali, Assimi Goita, no fim de semana, com conversações centradas na cooperação em energia e transportes.
O Ministro das Finanças do Mali, Alousseni Sanou, disse que o lançamento de uma companhia aérea que operaria rotas entre o Mali, Burkina Faso e o Níger também foi discutido durante a reunião com autoridades russas.
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