As assembleias de voto abriram na quarta-feira no país rico em minerais da África Central para um único dia de votação. No entanto, questões logísticas obrigaram as autoridades a prolongar a votação por mais um dia.
O primeiro dia de votação foi prejudicado por atrasos na entrega dos kits eleitorais e equipamento avariado, enquanto os eleitores, em alguns casos, tiveram dificuldade em encontrar os seus nomes nos registos, segundo a comunicação social local. Incidentes violentos teriam interrompido a votação em outras áreas. A prorrogação não programada poderá sujeitar os resultados a disputas legais, segundo alguns candidatos e observadores da oposição.
Embora cinco dos 18 candidatos da oposição que concorrem contra o Presidente Felix Tshisekedi tenham apelado a uma repetição das eleições, Moise Katumbi, um proeminente empresário e antigo governador provincial considerado o principal rival do presidente em exercício, não aderiu às suas exigências.
Cerca de 44 milhões de pessoas estão registadas para votar neste país africano, que, apesar de ser o terceiro maior produtor mundial de cobre, é um dos cinco países mais pobres do mundo, segundo o Banco Mundial. A RD Congo é também o principal produtor mundial de cobalto, um componente crítico em baterias utilizadas na maioria dos produtos electrónicos de consumo, incluindo telemóveis e veículos eléctricos.
Denis Kadima, presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), disse aos jornalistas que cerca de 70% dos eleitores puderam votar na quarta-feira e que a prorrogação não afetaria a credibilidade do voto. Segundo a CENI, os resultados preliminares começarão a ser divulgados na sexta-feira.
As disputas eleitorais provocaram frequentemente distúrbios mortais no país africano, que tem uma longa história de conflitos, convulsões políticas e instabilidade. A votação desta semana poderá marcar a segunda transição pacífica de governo no país. A primeira transferência pacífica da RD Congo desde a sua independência da Bélgica, há 63 anos, ocorreu em 2019, quando Tshisekedi, o vencedor das eleições presidenciais de Dezembro de 2018, tomou posse.
Tshisekedi, 60 anos, disse que procura um segundo mandato de cinco anos para “consolidar os seus ganhos”. Ele acusou o vizinho Ruanda de financiar o grupo rebelde M23, uma das numerosas coligações militantes que ele acredita ser responsável pela desestabilização do país.
Na sua última campanha antes das eleições de quarta-feira, Tshisekedi disse aos seus apoiantes que estava cansado das “invasões e dos rebeldes do M23 apoiados por Kigali”.
“Se me reelegerem e o Ruanda persistir… solicitarei ao Parlamento e ao Congresso que autorizem uma declaração de guerra. Marcharemos sobre Kigali. Diga a Kagame que aqueles dias de jogos com os líderes congoleses acabaram”, disse ele na terça-feira.
Especialistas da ONU também afirmaram que Kigali está armando militantes do M23, cujo ressurgimento em 2021 aumentou a violência na volátil região oriental da RD Congo. O governo ruandês negou repetidamente as acusações.
Uma missão de manutenção da paz da ONU na República Democrática do Congo, que está em funcionamento desde 2010, deverá terminar no próximo ano, depois de o governo ter exigido a sua retirada devido a alegadas falhas das tropas no combate à insegurança, especialmente na problemática província do Kivu do Norte.
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