EUA mantem politica expansionista no Ártico atrás de minerais e recursos energéticos

Os EUA deveriam parar de tentar expandir unilateralmente a sua plataforma continental, particularmente no Ártico, disse o zoólogo da Universidade do Alasca, Rick Steiner, aos jornalistas na quarta-feira.

Seus comentários foram feitos depois que o governo do presidente dos EUA, Joe Biden, publicou oficialmente mapas na semana passada que detalham uma plataforma continental americana expandida no Mar Ártico, no Atlântico, no Mar de Bering, no Oceano Pacífico, duas seções no Golfo do México e perto do Ilhas Marianas.

No total, Washington reivindicou unilateralmente a soberania de aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados de fundo marinho, com os maiores ganhos no Ártico – uma região rica em minerais e recursos energéticos.

O Departamento de Estado dos EUA insistiu que as novas fronteiras propostas por Washington não criarão disputas territoriais com a Rússia, mas exigirão um acordo com o Canadá e o Japão.

No entanto, Steiner afirmou que os EUA estão “caminhando sobre gelo fino” ao fazer reivindicações unilaterais no Ártico, uma vez que não ratificaram a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (UNCLOS).

Em vez de correr atrás de recursos na região polar, o zoólogo insistiu que todos os países deveriam unir-se para “proteger total e para sempre o Oceano Ártico” e retirar as suas reivindicações de uma plataforma continental expandida.

A recusa de Washington em ratificar a UNCLOS também significa que não há praticamente nenhuma hipótese de que as suas novas fronteiras propostas sejam algum dia reconhecidas internacionalmente, disse à RIA Chas Freeman, um diplomata veterano dos EUA e antigo secretário adjunto da defesa dos EUA para assuntos de segurança internacional.

A única solução seria negociar um acordo com países que já possuem reivindicações sobre as áreas, como a Rússia, o Canadá e outros membros do Conselho do Ártico, segundo Freeman.

“Mesmo que os americanos não estivessem envolvidos numa guerra por procuração com a Rússia e numa guerra econômica com a China, fazê-los concordar com estas ações unilaterais seria quase impossível”, disse o ex-diplomata. Ele também argumentou que é “difícil compreender” como é que as reivindicações dos EUA de uma plataforma expandida no Árctico são consistentes com as suas objeções a reivindicações semelhantes de países como a China.

Entretanto, Moscou condenou as reivindicações unilaterais de Washington como “inaceitáveis”. O chefe do Comité Estatal da Duma sobre o Árctico, Nikolay Kharitonov, alertou que as tentativas dos EUA de expandir o seu território poderiam aumentar as tensões no Ártico.