segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

Venezuelanos votam "sim" em apoio a retomada de seu território

Os eleitores na Venezuela apoiaram esmagadoramente a posição do seu governo numa disputa territorial com a vizinha Guiana, informou o Conselho Nacional Eleitoral do país. A disputa decorre da arbitragem fronteiriça dos EUA há mais de um século, que Caracas considera injusta.

O “referendo consultivo” de cinco questões realizado no domingo foi iniciado pelo presidente Nicolás Maduro depois que o Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) decidiu em abril que tinha jurisdição no caso. O território em questão é conhecido como Esequiba e mede cerca de 159.500 quilómetros quadrados (61.600 milhas quadradas), ou cerca de dois terços de todo o território da Guiana.

A disputa decorre de divergências do século XIX sobre onde deveria ficar a fronteira entre a Guiana, então uma colônia britânica, e a Venezuela. Na década de 1890, Washington interveio contra os interesses de Londres ao abrigo da Doutrina Monroe, que protegia ostensivamente a América Latina das potências coloniais europeias.

O Reino Unido concordou com uma arbitragem dos EUA, na qual um painel de dois americanos, dois britânicos e um russo produziu uma decisão em 1899 que favorecia em grande parte as reivindicações territoriais britânicas. A Venezuela rejeitou o resultado naquele momento.

A questão foi revisitada durante o período de descolonização após a Segunda Guerra Mundial, quando a Guiana estava prestes a conquistar a independência. O Acordo de Genebra de 1966 propôs um roteiro para uma eventual resolução satisfatória, na qual foi atribuído um papel à ONU. Em 2018, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, encaminhou o caso ao tribunal de Haia.

Na votação de domingo, os venezuelanos rejeitaram a arbitragem de 1899 e apoiaram o acordo de 1966 como o único instrumento válido para resolver a situação. Apoiaram também a criação formal da “Guayana Esequiba” como um novo Estado na Venezuela, com a cidadania a ser oferecida aos residentes do território administrado pela Guiana.

A quarta pergunta questionava os eleitores se rejeitavam as tentativas unilaterais da Guiana de delimitar a fronteira marítima com a Venezuela, à qual também disseram "Sim". Na década de 2010, os inspectores da ExxonMobil descobriram petróleo offshore em quantidades comerciais na parte do Atlântico à qual Esequiba dá acesso.

Na sexta-feira, a CIJ alertou a Venezuela contra a tentativa de mudar o status quo e sobre o controle de Esequiba pela Guiana, mas não a proibiu explicitamente de realizar o referendo. Caracas rejeitou a jurisdição do tribunal no caso e perguntou aos eleitores se concordavam com a posição oficial do governo, o que eles fizeram.

No dia do referendo, o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, disse que o seu povo “não tinha nada a temer nas próximas horas, dias, meses” e instou Caracas a “demonstrar maturidade” no tratamento da disputa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SBP em pauta

DESTAQUE

COMO A MÍDIA MUNDIAL ESTÁ DIVULGANDO HISTÓRIAS FALSAS SOBRE A PALESTINA

PROPAGANDA BLITZ: HOW MAINSTREAM MEDIA IS PUSHING FAKE PALESTINE STORIES Depois que o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, as forç...

Vale a pena aproveitar esse Super Batepapo

Super Bate Papo ao Vivo

Streams Anteriores

SEMPRE NA RODA DO SBP

Arquivo do blog