Está a formar-se uma bomba-relógio, alertam instituições
O aumento do custo de vida, o preço das casas, alimentos e dos combustíveis atirou quase dois milhões de pessoas para a pobreza. As instituições de apoio assumem que pode estar a formar-se uma bomba-relógio com efeitos ainda mais devastadores já no próximo ano.
Há cada vez mais pessoas a passar fome e a viver na rua em Portugal. O centro de apoio aos sem-abrigo diz que a cada dia aumenta o número das pessoas que ficam sem casa ou que precisam de ajuda para comer.
A SIC acompanhou uma equipa de rua, que garante o jantar a 400 pessoas todas as noites e, a noite passada, as refeições acabaram antes do final da rota porque apareceu mais pessoas do que o previsto.
As instituições de apoio assumem que pode estar a formar-se uma bomba-relógio com efeitos ainda mais devastadores já em 2024.
"Ninguém consegue viver a ganhar 850 euros e pagar uma casa em Lisboa. Só se não pagar comida e contas. É a primeira vez que estou numa situação destas. Tive de me desenrascar, isto é o salve-se quem puder, aqui na rua. A vida de rua não é boa para ninguém, não queira cá vir parar", diz um sem-abrigo.
Quem ajuda está com mais dificuldade em fazê-lo por duas razões: os pedidos aumentaram e há menos comida a sobrar nos supermercados por causa do combate ao desperdício alimentar.
1,7 milhões de pessoas estão em risco de pobreza em Portugal
O aumento do custo de vida, o preço das casas, dos alimentos e dos combustíveis mergulhou , de acordo com o Pordata, cerca de 1,7 milhões de pessoas para a pobreza, ou seja vivem com 550 euros por mês.
Sem um estado social, a situação seria ainda mais dramática. O antigo presidente da Cáritas, Eugénio Fonseca, alerta que Portugal tem de ter um plano concreto para combater a pobreza.
"Senão for o estado social, todos sabemos que metade da população portuguesa era pobre. Temos de apostar num estado verdadeiramente social, que tenha como complemento uma educação que também chegue a todos e uma saúde que esteja ao alcance de todos", diz Eugénio Fonseca.
Apesar do emprego estar em máximos históricos, segundo o ministério do trabalho mais de cinco milhões descontam para a Segurança Social, mas ter um emprego já não é o suficiente.
"É falacioso, agora, dizer-se que só é pobre quem quer porque trabalho não falta. Porque temos cada vez mais gente a trabalhar e a cair no limiar da pobreza", sublinha.
Portugal vai a eleições a 10 de março e para o presidente da Cáritas a falta de uma estratégia nacional para combater a pobreza pode abrir caminhos ao populismo.
"Há partidos que se candidatam para alcançar o poder e se esqueçam do bem comum e é bom olharmos mais para o bem comum", refere.
A mobilidade social pode ser o fator-chave para acabar com a pobreza, mas a quebra deste ciclo pode demorar várias gerações.
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