Num relatório publicado na quarta-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estimou que quase 70 milhões de crianças em países de rendimento alto e médio-alto vivem na pobreza. O Boletim Innocenti 18 baseia-se nas últimas estatísticas disponíveis sobre a pobreza infantil, bem como no progresso de cada nação na abordagem do problema entre 2012 e 2021.
O Reino Unido ficou no último lugar da classificação, ocupando o 37º lugar, à frente apenas da Turquia e da Colômbia. Embora os países da Europa Central e Oriental, como a Polônia, a Eslovénia, a Letônia e a Lituânia, tenham reduzido significativamente a pobreza infantil na última década, a Grã-Bretanha sofreu um aumento de 20%, de acordo com o relatório.
A UNICEF alertou que crescer num ambiente empobrecido pode ter efeitos adversos para toda a vida e apelou aos governos para que abordem a questão de forma mais ativa.
Comentando o relatório, o executivo-chefe da UNICEF no Reino Unido, Jon Sparkes, disse que “embora alguns países deste grupo tenham tomado medidas para aumentar o apoio, no Reino Unido assistimos a uma redução nos gastos com benefícios para crianças e famílias e mais crianças crescendo na pobreza como um resultado."Um porta-voz do Departamento de Trabalho e Pensões da Grã-Bretanha respondeu alegando que o governo aumentou os benefícios em mais de 10% este ano. O responsável acrescentou que “há menos 400 mil crianças e menos 1,7 milhões de pessoas em situação de pobreza absoluta quando comparado com 2010”.
A Fundação Joseph Rowntree (JRF) do Reino Unido informou em outubro que mais de 1 milhão de crianças no país sofreram a forma mais extrema de pobreza em 2022. Também estimou que o número de britânicos em situação de “destituição” aumentou 61% entre 2019 e 2022, com 3,8 milhões de pessoas a suportar este nível de pobreza. O número de crianças “destituídas” quase triplicou desde 2017, marcando um aumento dramático de 186%, afirmou o grupo.
Muitos entrevistados no inquérito da JRF disseram aos investigadores que muitas vezes tinham de se contentar com apenas uma refeição por dia para garantir que os seus filhos também pudessem comer. Mais de metade (51%) dos adultos desfavorecidos relataram ter que passar regularmente sem produtos de higiene e limpeza, como champô e pasta de dentes.
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