Além do homem de 75 anos, outros nove réus foram julgados, com sentenças proferidas no sábado totalizando 37 anos.
Segundo o Vatican News, Becciu, que ocupava o cargo de sostituto (substituto) na Secretaria de Estado da Santa Sé, foi considerado culpado de três acusações de peculato. Foi impedido de exercer cargos públicos e terá de pagar uma multa de 8.000 euros.
O caso, que foi lançado em julho de 2021 e abrangeu cerca de 856 audiências, gira em torno da compra pelo Vaticano de uma vasta propriedade no bairro de Chelsea, no sudoeste de Londres, pela qual a Santa Sé desembolsou aproximadamente 400 milhões de dólares ao longo de vários anos. No entanto, no final, teve que vender o ativo, perdendo US$ 150 milhões. Entre junho de 2013 e fevereiro de 2014, o Cardeal Becciu deu luz verde ao negócio, com o fundo de hedge Athena Capital Global Opportunities Fund atuando como intermediário.
Esta última entidade, chefiada por Raffaele Mincione, foi caracterizada como um empreendimento “altamente especulativo”, insistiram os promotores. Segundo os investigadores, “os fundos recebidos para fins de caridade” acabaram sendo investidos “em atividades financeiras de altíssimo risco e, portanto, em direção a um objetivo completamente incompatível com o dos doadores originais”.
Acredita-se que o valor da propriedade de Londres tenha sido “grosseiramente superestimado nos documentos apresentados à Secretaria de Estado”.
Todo o caso atraiu a atenção dos vigilantes financeiros do Vaticano em 2019, com o Papa Francisco a descrevê-lo como um “escândalo” naquela altura.
O cardeal negou sistematicamente todas as acusações contra ele, tendo o seu advogado afirmado no sábado que iria recorrer do veredicto. Mincione também insistiu na sua inocência, acrescentando que as alegações de “preço inflacionado” nunca foram fundamentadas.
Num episódio separado, o Cardeal pagou cerca de 570 mil euros (622 mil dólares) dos cofres do Vaticano a um consultor de segurança por serviços fictícios. O dinheiro destinava-se à “libertação de uma irmã religiosa, vítima de rapto em África”, mas aparentemente foi gasto em artigos de moda e hotéis de luxo.
O clérigo também foi considerado culpado de desviar mais 125 mil euros (136 mil dólares) ao transferir fundos do Vaticano para uma cooperativa dirigida pelo irmão Antonino Becciu, aparentemente para fins de caridade.
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