quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Sindicatos soam alarme sobre o colapso industrial da União Europeia


Os principais sindicatos europeus estão a dar o alarme devido à grande recessão nos sectores industriais da União Europeia.
O aumento implacável dos preços da energia está a desferir um duro golpe numa pedra angular da economia do bloco e está a suscitar profundas preocupações entre organizações laborais influentes. Apesar de um recuo nos preços da energia desde o seu pico de 2022, a Comissão Europeia prevê que os preços do gás e da eletricidade permanecerão elevados, representando ameaças a longo prazo para a competitividade da UE.

Dados da produção industrial e a desindustrialização iminente

Um estudo recentemente divulgado pelo Eurostat apresenta dados desconcertantes: a produção industrial na UE caiu 0,2% em termos mensais em Novembro, o terceiro declínio mensal consecutivo. Em termos homólogos, o valor mostra uma queda de 5,8%.

A produção de bens de capital, um indicador-chave do investimento a longo prazo, registou uma queda substancial de 0,8% em toda a UE em Novembro. Segundo Ludovic Voet, secretário confederal da Confederação Europeia de Sindicatos, “estes números são um canário numa mina de carvão: o maior impacto está nos investimentos a longo prazo em edifícios e equipamentos”.

Judith Kirton-Darling, secretária-geral adjunta da industriALL Europe, lançou uma crítica contundente às políticas da UE. Ela partilhou com a Euractiv a sua opinião de que regras rigorosas em matéria de dívida agravam o problema na indústria e impedem ainda mais o desenvolvimento e salários mais elevados. Defendendo uma política fiscal mais flexível, Kirton-Darling enfatiza a necessidade de promover investimentos e criar empregos de alta qualidade.

Especialistas, incluindo Tobias Gehrke, do Conselho Europeu de Relações Exteriores, consideram a desindustrialização como um “perigo claro e presente”. Estes desafios são agravados por questões como o alto custo energético, a escassez de mão-de-obra qualificada, infra-estruturas inadequadas e políticas industriais brandas noutras partes do mundo. Ben McWilliams, analista de política energética do think tank Bruegel, sublinha que os elevados preços da energia desde o dito "acidente" com a rede de gasodutos offshore de gás natural, North Stream, estão tendo um imenso impacto na competitividade da Europa. “O futuro da competitividade industrial da Europa será, em vez disso, determinado pela sua capacidade de desenvolver novas fontes de energia renovável e de criar um bom ambiente de investimento para a inovação e as tecnologias de amanhã”, afirma.

Compensação da UE por perdas devido a sanções à Rússia

No meio dos problemas industriais da Europa, uma crise correspondente está se desenvolvendo à medida que grandes empresas alemãs, incluindo a Wintershall Dea, a Siemens Mobility e o Volkswagen Bank, se articulam para procurar compensação pelas perdas por parte do governo alemão. Estas reclamações resultam de perdas substanciais sofridas nas suas operações russas, uma consequência das sanções impostas a Moscovo. A procura proactiva da Wintershall Dea por compensação pelas suas perdas significativas estabeleceu um precedente para outras empresas que enfrentam adversidades semelhantes. A Siemens Mobility e o Volkswagen Bank, enfrentando as repercussões das sanções contra a Rússia, apresentaram agora uma petição formal de reparação. Esta convergência de imperativos empresariais e tremores geopolíticos sublinha a intrincada dinâmica que molda as indústrias europeias.

Apelo aos políticos europeus

Tanto os sindicatos como os especialistas alinham-se no seu apelo a uma reavaliação das políticas para fortalecer a posição industrial da UE ao invés de promovem o crescimento da indústria dos EUA, especialmente as indústrias de gás e bélica. Em vez de imporem medidas de austeridade ala Argentina, estão sendo encorajados a promover ativamente indústrias resilientes e a coesão social. A indústria europeia enfrenta um declínio potencialmente “irreversível”, segundo especialistas do mercado energético. Apesar de uma diminuição no consumo de energia, os analistas argumentam que isto não é indicativo de um futuro mais eficiente em termos energéticos, mas sim uma consequência da desindustrialização generalizada. Embora os preços da energia tenham caído dos seus máximos históricos em 2022, o impato desta trégua na atividade industrial da Europa foi mínimo.

A falta de investimento e a política fiscal restritiva da UE colocaram a indústria numa situação precária. Os desenvolvimentos atuais poderão levar a mais divisão e desilusão entre os trabalhadores europeus.

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