Confesso que vira e mexe, defronto-me com aquela velha solução proposta pela esquerda, aliás, muitas vezes apresentada como a verdadeira panaceia, que inclusive, confesso; como muitos, também eu, aqui e acolá, exponho-a como tal, clamando pela velha e boa receita de povão na rua e; vamos para a revolução.
Nós, da esquerda, devemos
confessar que, no fundo de nossas almas, nas entranhas de nossos corpos ou nos
cantos mais obscuros de nossas mentes, ainda não conseguimos conceber melhor
solução – definitiva – do que uma boa revolução, para vencermos esta etapa, ou esse mal, como queira, o
capitalismo.
Por óbvio, não deixamos de buscar
avanços utilizando táticas e estratégias diversionistas como; disputar eleições
pintando de cor-de-rosa o nosso vermelho e falando coisas que o tal “mercado”
quer ouvir. Nós fazemos isso sim... Nós, inclusive, propomos amplas alianças
para manter uma democracia burguesa que, no frigir dos ovos, é um engodo
anti-povo. E nós seguimos inventando moda, não paramos... É um tal de criar
canais de comunicação com o agronegócio do veneno, com os pilantras religiosos,
com milicianos e etc... Nós insistimos.
Devo fazer justiça com quem, com
certa razão, chega a este ponto do texto, reclamando: Nós quem cara pálida? Me
inclua fora dessa!
Esse nós que tenho utilizado
aqui, representa todos os espectros daqueles que se declaram de esquerda e por
óbvio, os pontos que caracterizam esse amplo campo do pensamento, não convergem
num todo como consenso e, ao contrário, pipoca apenas uma ou outra condição
como lugar onde cada um dos incomodados pode ser realmente enquadrado. Então,
não se assuste se apenas uma pontinha do que apresentei como esquerda toca em
sua realidade, pois, essa é a ideia dessa classificação: falar de todos, mesmo
que seja só um tiquinho.
Feita essa observação, retorno ao
centro da discussão que, enfim, encontra consenso de fato, que é a revolta
popular, a revolução socialista, que tanto desejamos.
Acontece que sempre que
apresentam essa saída grandiosa: temos que botar o povo na rua! Em geral, quem
advoga essa solução a propõe no bojo de criticas feitas a Lula e ao PT. Aí vem
aquela estória de que o PT se afastou do povo, de que o Lula é muito
conciliador e toda gama de admoestação justa e injusta que já caracteriza um
povo de esquerda, que arvora para si a condição de pureza ideológica.
Não se trata de discutir se a
esquerda deve colocar ou não o povo na rua, fazer debates para saber se é ou
não o momento para tal intervenção, não se trata disso. Trata-se de parar de
colocar a responsabilidade nas costas do outro, enquanto cruza os braços e
perde tempo advogando glórias para si sentado atrás de um computador. Essa
posição já levou muita gente da esquerda a ter Barbosinha como herói. Aplaudir
um STF que condenou sem provas, só com base na literatura. Fazer marcha contra
Olimpiadas, contra Copa do Mundo, além de se esbaldar nas banhas do tal “combate
a corrupção” promovido pela lava-jato. Cantar vitória proclamando como impeachment,
o golpe de 2016 e proclamar que o PT estava morto, com a prisão do corrupto
Lula e defender um “coroné” como solução em 2018, bem como, acreditar que a
terceira via era a grande saída em 2022.
Todo esse povo de esquerda,
esteve por aí conclamando que Lula e o PT colocassem o povo na rua, mas, quando
estiveram com um certo povo, em 2013, deveriam ter aprendido algo importante: A
estória do gênio da lâmpada.
Sim! De fato, tem a fabula dos três
desejos, que o ente magico concede ao fulano que o livrou da prisão eterna,
entretanto, quando se trata de política; o buraco é mais embaixo, e o bicho que
saí lá de dentro ninguém sabe ao certo sua natureza. Sobre este aspecto, vale
uma consulta aos partidários do PSDB, que hoje agoniza nas águas gaúchas,
debatendo-se para aguentar um tantinho mais nesse mundo, antes de ser comido
pelo mostro da garrafa que esfregou cheio de esperanças de riqueza infinita.
O que é certo, por enquanto, é
que; caminhar junto com um povo capaz de dedicar metade dos votos a um sujeito
que acabara de promover um genocídio e prometera piorar mais ainda a vida do
povo caso ganhasse, não seja uma ação revolucionária, está mais para ação
suicida.
Embora, tenhamos elegido Lula,
nós o elegemos bem mais como reação e bem menos por ação positiva. Isso é
importante ter na consciência, pois se, num passado não muito distante,
conseguiram converter em impeachment de presidenta, a marcha de um desses bandos
da tal “esquerda pura”, promovida apenas por quarenta centavos a menos na
condução, realizada contra o petista, prefeito de São Paulo, o quadro atual
permite subverter em “Morte ao PT” até a marcha fuleira que um punhado da
esquerda já deve estar preparando contra a copa de futebol feminino, que
acontecerá no Brasil, em 2027. Não há época melhor para botar o povo na rua, durante
a eleição; gritando (sem provas) que Lula está gastando dinheiro público com estádio
superfaturado e exigir padrão FIFA em serviços públicos (só federais), tal como
já foi testado outras vezes. Assim foi que se tirou o monstro da garrafa, que
está aí a assombrar todo mundo e que, atualmente, Lula e o PT mantém na corda, mas,
que uma certa esquerda purista imagina que alimentá-lo é o novo caminho para a
revolução.
Ps. Por onde anda o tal movimento
dos quarenta centavos?
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