quarta-feira, 22 de maio de 2024

Mudanças climáticas causam morte de 100 pessoas na fronteira Brasil-Argentina

Climate change, end of environmental protection, cause deaths of 100 people on Brazil-Argentina borders
Quase 100 pessoas morreram e mais de 200 mil ficaram desabrigadas desde 29 de abril, quando fortes chuvas que já acumularam incríveis 800 mm - o equivalente a 800 litros de água por metro quadrado - caíram sobre o Rio Grande do Sul, o estado mais meridional no Brasil, que tem o tamanho da Itália, faz fronteira com a Argentina e está quase na ponta da América do Sul.

As chuvas recordes também causaram inundações, deslocando centenas de pessoas no Uruguai.   Quase 400 pessoas foram deslocadas e milhares de outras evacuadas depois que chuvas recordes inundaram a área. Os líderes locais dizem que a água potável está temporariamente indisponível na região. O governo brasileiro de Lula Da Silva estendeu ajuda humanitária ao vizinho.

Mas as novas previsões de tempestades, atualizadas várias vezes ao dia pelo Instituto Meteorológico Nacional do Brasil, causavam ainda mais ansiedade e desespero entre as autoridades regionais e a população. Incapazes de lidar com o caos que se seguiu, as autoridades tiveram que pedir ajuda ao exército e a várias outras agências do governo nacional brasileiro. As fortes chuvas também aumentaram o número de pessoas desaparecidas (cerca de 200), bem como outras 200 crianças que foram separadas involuntariamente dos pais.

Milhares de voluntários ajudaram as quase 800 mil pessoas que foram afetadas de alguma forma pelas tempestades, sem que o sistema oficial de defesa civil do Rio Grande do Sul conseguisse atender as pessoas que ficaram isoladas nos telhados de suas próprias casas de forma previsível. tragédia. No ano passado, este sistema de defesa civil tinha um orçamento anual inferior a 10.000 dólares, ou 10 centavos por habitante.

Na segunda-feira, foi emitido um alerta vermelho para mais chuvas fortes em algumas zonas do estado, que tem uma população de 11,2 milhões de habitantes, cerca de um milhão a mais que os Emirados Árabes Unidos. 

Estradas e rodovias do estado foram fechadas devido a enchentes de rios, rompimentos de barragens e mau funcionamento de bombas ou qualquer tipo de medida de precaução foi tomada pelas autoridades estaduais.

Mudanças climáticas, furacões e o fim da proteção ambiental

Críticos do governo do estado afirmam que nos últimos 10 anos, o Rio Grande do Sul, estado que registra recordes consecutivos de temperaturas todos os meses desde abril, vem passando por uma “tempestade perfeita”. 

Segundo ambientalistas, pesquisadores universitários e especialistas oficiais que denunciaram as políticas do governador Eduardo Leite, o Rio Grande do Sul vive uma combinação de mudança nos padrões de chuvas devido ao intenso uso de terras para agricultura para exportação de produtos agrícolas, e o aparecimento de furacões causados pelo aumento das temperaturas globais.

Até 2004, não se ouvia falar de tufões no Atlântico Sul. O primeiro levou mesmo Al Gore, antigo vice-presidente dos Estados Unidos, a produzir o documentário de 2006 “Uma Verdade Inconveniente” sobre os mitos e equívocos em torno do aquecimento global.

Mas desde que assumiu o cargo, Leite repetiu a estratégia radical neoliberal de venda e encerramento de empresas públicas que realizavam planeamento e controle ambiental em diversas áreas, especialmente nas áreas de geração de energia hidroeléctrica, saneamento e gestão e distribuição de recursos hídricos.

Nesse período, o governador – um jovem advogado neoliberal gay de 39 anos que está no cargo desde 2019 e permanecerá até 2026 – acredita no Estado mínimo. Através da sua proposta ao parlamento regional, 480 pontos da legislação ambiental do estado foram alterados para flexibilizar os requisitos e favorecer os proprietários de terras e os empreendimentos imobiliários, permitindo-lhes até solicitar autolicenciamento ambiental.


O governo e o parlamento regional fizeram com que o Estado, pioneiro da luta ambiental no Brasil, nadasse a favor da crise climática”, explicou o biólogo Francisco Milanez, presidente da mais antiga organização ambientalista do Brasil. “Para compreender a situação dramática, devemos acrescentar a extinção das bases da pesquisa botânica, da estatística e da formação de recursos humanos, da agência de portos e hidrovias, bem como a destruição da primeira lei ambiental do Hemisfério Sul sobre pesticidas, porque incluiu a proibição do uso de pesticidas não aprovados nos países de origem”, lembrou Milanez.

A lei agora permite o uso de herbicidas que destroem a vida vegetal. Agora temos encostas desprotegidas que não permitem a recarga das águas subterrâneas. a mineração e utilização do carvão", afirma.

A política do governador Leite, cuja ponta do iceberg é a falta de manutenção do sistema de proteção ambiental na região metropolitana de Porto Alegre, visa abrir o solo urbano à especulação imobiliária, e jogar a cidade nos braços da privatização. Durante a tragédia, encontramos comportas que não funcionavam, barragens que romperam sem manutenção, bombas de água que não funcionavam. Esses equipamentos se deterioraram e criaram o caos", disse o professor Menegati. 


Carlos Tautz, Jornalista

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