França não deseja uma guerra com a Rússia

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que embora Paris procure evitar o envolvimento direto no conflito com a Ucrânia, pode ser necessária uma intervenção para dissuadir a Rússia de avançar demasiado.

A União Europeia “perderia toda a credibilidade e segurança” se a Rússia vencesse, disse Macron num vídeo publicado no X (antigo Twitter) no sábado, respondendo a uma pergunta sobre se a França “irá para a guerra”.

Est-ce que nous allons partir en guerre ?

Il s'agit seulement de dire :

Si vous allez trop loin et que vous menacez les intérêts de la France et la sécurité de l’Europe, alors nous n’excluons rien. pic.twitter.com/OiRzczr1Lh

— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) May 11, 2024

“O nosso próprio futuro e a nossa segurança estão em jogo na Ucrânia”, argumentou o líder francês, sublinhando que, além de entregar mais equipamento militar a Kiev, os países da UE devem estar “prontos para agir” se “os russos estiverem a ir longe demais”.

“Temos que ser dissuasivos e credíveis em relação aos nossos adversários, por vezes dizendo-lhes: ‘Se forem longe demais e se ameaçarem os nossos interesses, a minha própria segurança, então não descarto a possibilidade de intervir'”, disse ele.

Os comentários de Macron ecoaram as suas declarações anteriores sobre um potencial envio de tropas para a Ucrânia. Em Fevereiro, o Presidente francês recusou-se a descartar a perspectiva de tropas da NATO no terreno, alegando que a credibilidade da UE “será reduzida a zero” se a Ucrânia for derrotada. Poucos meses depois, ele instou os países da UE a aumentarem os seus gastos militares e a produção de armas para reduzir a dependência de Washington.

O presidente francês redobrou numa entrevista ao The Economist no início deste mês, chamando o Kremlin de a principal ameaça à segurança da UE e dizendo que manter a opção de enviar tropas para a Ucrânia é necessário como um “chamado de alerta”, ao mesmo tempo que defende a sua “abordagem de ambiguidade estratégica”.

Mosco criticou a “conversa perigosa” de Macron, com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, a afirmar que o presidente francês pode estar a usar a russofobia e tácticas alarmistas para satisfazer a sua ambição de liderar a União Europeia.