Ilusão Ucraniana: Taiwan aposta que EUA e problemas internos protegem a ilha de um ataque Chinês

O governo de Pequim está demasiado “sobrecarregado” com questões internas para lançar um ataque a Taiwan, disse o líder da ilha, Tsai Ing-wen, sugerindo que a República Popular não tem planos imediatos de invasão.

Em Taipei, 2022, Pelosi se reuniu com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen

Falando num evento organizado pelo New York Times na quinta-feira, Tsai disse que as probabilidades de guerra permanecem baixas, citando tanto o forte apoio internacional a Taiwan como a relutância de Pequim, dados os seus “desafios econômicos e financeiros, bem como políticos”.

“Penso que a liderança chinesa nesta conjuntura está sobrecarregada pelos seus desafios internos. E o meu pensamento é que talvez este não seja o momento para considerarem uma grande invasão de Taiwan”, disse ela, acrescentando que “a comunidade internacional deixou claro em alto e bom som que a guerra não é uma opção, e que a paz e a estabilidade servem os interesses de todos”.

O presidente de Taiwan elogiou o apoio contínuo dos EUA à ilha, “particularmente na frente de segurança”, e disse que o apoio internacional também foi “tão sólido como sempre foi, se não mais forte”. No que diz respeito à possibilidade de um conflito com Pequim, ela observou que Taipei e Washington têm “gerido o risco em conjunto”, mas afirmou “acho que estamos bem a esse respeito”.

Embora Taiwan seja autogovernado há muito tempo, A ilha é parte do  território chinês sob a política de Uma Só China, reservando-se o direito à reunificação pela força caso declare formalmente a independência. Poucas nações reconhecem oficialmente Taiwan como um estado soberano, embora Washington mantenha relações informais com Taipei e tenha aprovado inúmeras vendas de armas ao longo dos anos.

Na segunda-feira, Pequim reiterou que estava disposta a permitir “muito espaço” para a reunificação pacífica com Taiwan, mas alertou que não toleraria atividades separatistas em Taipei, que se prepara para novas eleições em janeiro.

“Quero enfatizar que a independência de Taiwan significa guerra”, disse Chen Binhua, porta-voz do Gabinete do Conselho de Estado para Assuntos de Taiwan de Pequim, citando dois candidatos pró-independência na corrida presidencial de Taiwan.

Numa reunião com o presidente dos EUA, Joe Biden, na Califórnia, no início deste mês, o presidente chinês, Xi Jinping, alertou que Taiwan continuava a ser a questão mais perigosa para as relações EUA-China, instando Washington a parar com a propaganda separatista e as vendas de armas à ilha.

Os militares chineses lançaram várias rodadas de jogos de guerra após reuniões de alto nível entre autoridades dos EUA e de Taiwan no ano passado, incluindo um bloqueio simulado massivo depois que a então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, visitou Taipei em 2022. Uma manifestação semelhante foi realizada em abril passado após um reunião entre o sucessor de Pelosi, o deputado Kevin McCarthy, e Tsai.