Assedio: Executivo do futebol espanhol enfrenta ação judicial

A promotora espanhola Marta Durantez Gil apresentou uma queixa no tribunal superior do país contra o polêmico presidente da federação de futebol, Luis Rubiales, alegando que poderia haver motivos para acusá-lo de agressão sexual e coerção relacionada a um beijo supostamente não consensual na jogadora Jenni Hermoso no mês passado. 

“Em seu depoimento, [a jogadora] também afirmou que ela e sua família imediata sofreram pressão constante e repetida de Luis Rubiales e sua comitiva profissional para justificar e aprovar o que aconteceu”, diz a denúncia, segundo a publicação espanhola El Pais.

“Hermoso sofreu uma situação de assédio que a impediu de viver livremente, em paz e tranquilidade.”

A denúncia também pede que o tribunal coloque Rubiales, 46, sob investigação formal para determinar se podem ser apresentadas acusações criminais contra o executivo do futebol. No início desta semana, o Ministério Público espanhol detalhou que uma condenação por agressão sexual pode resultar numa pena de prisão entre um e quatro anos.

Rubiales foi amplamente repreendido por beijar Hermoso na boca logo após a vitória da Espanha na final da Copa do Mundo Feminina contra a Inglaterra, na Austrália, no mês passado. O ex-jogador, que atua como presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) desde 2019, disse posteriormente que o beijo foi consensual – afirmação posteriormente negada por Hermoso.

A queixa formal ao tribunal superior de Espanha surge dias depois de Hermoso ter apresentado uma queixa criminal contra Rubiales, acusando-o de agressão sexual.

Várias figuras da RFEF apelaram à demissão de Rubiales após a controvérsia, embora ele até agora se tenha recusado a fazê-lo. Falando numa assembleia geral extraordinária, Rubiales alegou que “está ocorrendo um assassinato social”. A FIFA, entidade que tutela o futebol mundial, impôs-lhe uma suspensão de 90 dias enquanto conduz uma investigação.

Jorge Vilda – treinador da seleção espanhola vitoriosa na Austrália no mês passado, considerado um aliado importante de Rubiales – inicialmente recusou-se a criticar o presidente da RFEF, mas depois condenou as suas ações. O contrato de Vilda foi rescindido em 5 de setembro.

Antes de sua demissão, vários membros da comissão técnica de Vilda renunciaram e pelo menos 81 jogadoras manifestaram sua recusa em representar a seleção nacional enquanto Rubiales estiver associada a ela.