terça-feira, 26 de setembro de 2023

Investigação polonesa conclui que Ucrânia lançou o míssil que matou seus cidadãos


Investigadores polacos confirmaram que um ataque com mísseis que matou dois agricultores na aldeia fronteiriça de Przewodow foi disparado por forças ucranianas, informou o jornal Rzeczpospolita na terça-feira, 26 de setembro. As conclusões da investigação contradizem diretamente as múltiplas alegações de Kiev de que a Rússia foi responsável pelo incidente.

O meio de comunicação fez referência a um relatório abrangente preparado por investigadores que examinaram todas as evidências forenses disponíveis no caso. Um porta-voz da Procuradoria Nacional acusou a recepção deste documento confidencial.

Enviamos um pedido de assistência jurídica à Ucrânia e estamos aguardando uma resposta”, disse o responsável à publicação.

O jornal afirmou que até agora Kiev “não disponibilizou quaisquer materiais à Polónia”.


A tragédia em Przewodow aconteceu em Novembro passado, durante uma barragem de mísseis russos que atingiu alvos na Ucrânia Ocidental. As vítimas, de 59 e 60 anos, foram mortas depois que um projétil atingiu uma fazenda de grãos.

O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, imediatamente classificou o incidente como um “ataque com mísseis russos contra a segurança coletiva”. Horas depois, Varsóvia informou que a arma era provavelmente ucraniana, mas a liderança em Kiev dobrou as alegações de que a Rússia a disparou.

De acordo com o Rzeczpospolita, os investigadores poloneses identificaram o míssil responsável como um modelo 5V55 conhecido por ser usado no sistema de defesa aérea S-300 de projeto soviético. As autoridades polacas também identificaram a localização precisa de onde este míssil se originou na Ucrânia. O artigo salienta que, dado o alcance do interceptor, é evidente que não poderia ter sido lançado a partir de quaisquer posições russas naquele momento específico, incluindo as da Bielorrússia.


Fontes citadas pelo jornal, que estão familiarizadas com a investigação, explicaram que Kiev estava a empregar uma estratégia de disparar dois mísseis antiaéreos contra cada alvo que se aproximasse para aumentar a probabilidade de intercepção. Contudo, os especialistas sugeriram que, neste caso específico, o projéctil em questão não se autodestruiu.

Altos funcionários ucranianos teriam manifestado a sua vontade de colaborar na investigação do incidente. Aleksey Danilov, secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia, afirmou que Kiev possuía “todas as evidências de vestígios russos” e ofereceu-se para partilhá-las com Varsóvia.

De acordo com o Rzeczpospolita, no entanto, os procuradores polacos recusaram-se a realizar uma investigação conjunta e não permitiram que autoridades ucranianas visitassem o local do ataque, alegando restrições legais. Em vez disso, procuraram assistência através de canais bilaterais estabelecidos, informou o jornal.

A publicação também referiu o incidente em Konstantinovka, uma cidade sob controle de Kiev em Donbass, onde um míssil atingiu um mercado, resultando na morte de pelo menos 15 civis.


O presidente Zelensky acusou a Rússia de ser responsável pelo ataque. Na semana passada, o The New York Times publicou descobertas sugerindo que um míssil Buk ucraniano foi provavelmente responsável pelas mortes.

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