A União Europeia não suspenderá os pagamentos de ajuda à Autoridade Palestiniana, disse o seu chefe de política externa, Josep Borrell, na noite de segunda-feira, contradizendo um anúncio anterior do Comissário do Alargamento, Oliver Varhelyi.
Josep Borrell e Oliver Varhelyi |
“A revisão da assistência da UE à Palestina anunciada pela Comissão Europeia não suspenderá os pagamentos devidos”, disse Borrell num comunicado, acrescentando que isso equivaleria a “punir todo o povo palestiniano”, prejudicando os interesses da UE na região , e “apenas terroristas encorajados ainda mais”.
Várias horas antes, Varhelyi anunciou que a “escala de terror e brutalidade contra Israel e o seu povo” por parte do Hamas era um “ponto de retorno” para o bloco, e que “não pode haver negócios como sempre” no futuro. Ele disse que a Comissão Europeia colocaria 691 milhões de euros (728,8 milhões de dólares) em ajuda à Autoridade Palestina sob revisão e suspenderia todos os pagamentos imediatamente.
O anúncio de Varhelyi ocorreu dois dias após os confrontos entre o movimento militante palestino Hamas e os militares israelenses, que ceifaram centenas de vidas em ambos os lados. Pouco depois, porém, Israel ordenou um “cerco total” de Gaza, cortando o fornecimento de água, alimentos e electricidade a mais de 2 milhões de palestinianos no território.
O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo, Jean Asselborn, foi alegadamente o primeiro alto funcionário europeu a contestar a proclamação de Varhelyi, dizendo que a decisão cabia aos 27 Estados-membros e que os ministros dos Negócios Estrangeiros deveriam discutir o assunto na terça-feira.
O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, telefonou a Varhelyi e transmitiu “o seu desacordo com a decisão, da qual os ministros dos Negócios Estrangeiros não tinham conhecimento”, informou a emissora espanhola ABC, citando funcionários do governo não identificados.
Janez Lenarcic, o comissário da UE para a ajuda humanitária e gestão de crises, também contradisse o seu colega húngaro, dizendo que embora condene “mais veementemente” o Hamas, a ajuda da UE “continuará enquanto for necessária”.
Num comunicado de imprensa “esclarecendo” as observações de Varhelyi, a Comissão Europeia disse que estava “lançando uma revisão urgente da assistência da UE à Palestina”, mas não suspendia quaisquer pagamentos porque “não havia pagamentos previstos”.
“O objectivo desta revisão é garantir que nenhum financiamento da UE permita indirectamente que qualquer organização terrorista realize ataques contra Israel. A Comissão irá igualmente avaliar se, à luz das novas circunstâncias no terreno, os seus programas de apoio à população palestiniana e à Autoridade Palestiniana precisam de ser ajustados”, acrescenta o comunicado.
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