“Meio ano de guerra mergulhou o Sudão num dos piores pesadelos humanitários da história recente”, disse Martin Griffiths, subsecretário-geral da ONU para assuntos humanitários, num comunicado, acrescentando que “25 milhões de pessoas necessitam de ajuda”.
Intensos combates eclodiram na capital do país africano, Cartum, no dia 15 de Abril, após meses de tensões entre o chefe das Forças Armadas Sudanesas (SAF), General Abdel-Fattah Burhan, e o comandante das Forças de Apoio Rápido (RSF), General Mohamed Hamdan Dagalo.
Os combates espalharam-se para outras partes da nação do Sahel, incluindo a já devastada região ocidental de Darfur, onde o governador Khamis Abdullah Abakar foi assassinado em meados de Junho por alegadamente acusar a RSF de genocídio.
De acordo com Griffiths, “os civis – particularmente em Cartum, Darfur e Cordofão – não conheceram trégua no derramamento de sangue e no terror nos últimos seis meses”.
“Continuam a surgir relatos horríveis de violação e violência sexual, e os confrontos ocorrem cada vez mais segundo linhas étnicas, especialmente em Darfur”, acrescentou o chefe humanitário da ONU.
No mês passado, a ONU e a Organização Mundial da Saúde afirmaram que os repetidos ataques a hospitais e equipas médicas no Sudão agravaram os surtos de doenças e as mortes.
Afirmaram que, entre meados de Maio e Setembro, mais de 1.200 crianças com menos de cinco anos morreram em campos de refugiados no estado do Nilo Branco, no Sudão, como resultado de uma combinação letal de um suposto surto de sarampo e desnutrição grave. As instalações de saúde estão sobrecarregadas devido à falta de pessoal, medicamentos que salvam vidas e equipamento crítico, acrescentaram a ONU e a OMS.
No domingo, Griffiths disse que pelo menos 45 trabalhadores humanitários foram mortos ou detidos desde o início do conflito e que “quase todos eles são ou eram funcionários nacionais”.
A ONU instou as facções beligerantes do Sudão a cumprirem o direito humanitário internacional e a protegerem os civis, permitirem a ajuda e reafirmarem o compromisso com o diálogo para pôr fim ao conflito.
Em Agosto, o chefe da RSF, Dagalo, expressou o desejo de chegar a um acordo de cessar-fogo de longo prazo com Burhan como parte de uma estratégia para acabar com o conflito e construir um “novo Sudão”. A proposta da RSF foi rejeitada pelo chefe do exército, que afirmou que não “faria acordos com traidores”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário