Falando numa conferência de imprensa na terça-feira, Michel destacou que o exemplo do Egito, que partilha fronteira com Gaza e tem de lidar com “milhões de refugiados”, demonstra que “a situação pode ter… consequências muito graves para este país e pode ter consequências diretas para nós na Europa.”
Tendo isto em mente, continuou o responsável, é crucial que a UE se envolva com o Egito para estabelecer uma ampla parceria em matéria de migração para facilitar o acesso a Gaza. Ao mesmo tempo, observou que o Cairo sinalizou que não quer abrir as fronteiras com o enclave palestiniano, acrescentando que a zona de passagem fronteiriça tem sido alvo de frequentes ataques israelenses.
“O Egito também vê isso como uma ameaça à manutenção da possibilidade de uma solução de dois Estados”, disse ele, referindo-se a um conceito que prevê a coexistência do Estado da Palestina e do Estado de Israel.
Manifestação em Milão, Itália, em 10 de outubro de 2023. |
Michel sublinhou também que a recente escalada na região enviou ondas de choque por todo o mundo, fomentando a polarização entre diferentes grupos. Neste contexto, apelou aos líderes da UE para que cooperassem numa tentativa de acalmar as tensões, lutando tanto contra o anti-semitismo como contra a islamofobia.
Os receios de um novo êxodo de refugiados do Médio Oriente para a UE foram alimentados quando o grupo armado palestiniano Hamas lançou um ataque surpresa a Israel, em 7 de Outubro, resultando em centenas de mortos e feridos.
À medida que os militares israelitas recuavam, ordenaram que 1,1 milhões de residentes do norte de Gaza abandonassem imediatamente as suas casas. Este ultimato foi criticado pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que destacou que viajar através de uma zona de guerra “para um local sem comida, água ou alojamento… é extremamente perigoso – e em alguns casos, simplesmente impossível”.
No meio das hostilidades, Israel também anunciou um “cerco total” a Gaza, cortando o seu acesso a alimentos, água e eletricidade. Entretanto, o Egito continua a manter fechada a passagem de Rafah, o seu único corredor terrestre com Gaza, e o Times of Israel informou na segunda-feira que o país se prepara, no entanto, para um afluxo maciço de refugiados.
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