Uma das principais evidências que Israel usou para tentar provar que não teve nada a ver com o atentado mortal ao hospital de Gaza na semana passada é irrelevante para o caso, informou o New York Times (NYT) na terça-feira, citando uma extensa análise conduzida por sua equipe de investigações visuais.
A filmagem inicialmente feita pela Al Jazeera foi compartilhada pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel após o ataque mortal ao Hospital Árabe Al-Ahli na última terça-feira e foi uma parte central das negações do Estado judeu logo após o bombardeio.
O clipe mostra um projétil voando acima de Gaza e explodindo no ar, com suas partes caindo no chão. Segue-se outra explosão – desta vez no solo.
Jerusalém Ocidental afirmou que o vídeo mostra um foguete com defeito lançado pelo grupo Jihad Islâmica baseado em Gaza. Foi supostamente este projétil que causou a explosão mortal no Hospital Al-Ahli.
O incidente de alto perfil resultou em uma grande explosão sacudindo um estacionamento dentro do pátio do hospital. Embora o edifício em si não tenha sofrido grandes danos, a explosão teria matado cerca de 500 pessoas, que se teriam reunido no pátio para procurar refúgio do bombardeamento israelita ao enclave palestiniano, de acordo com as autoridades de saúde locais.
Os analistas do NYT concluíram que a explosão aérea retratada no vídeo dificilmente poderia ter levado a consequências tão devastadoras, uma vez que ocorreu a cerca de mais de três quilómetros de distância do centro médico. Foi um “aspecto não relacionado” do conflito em curso entre as Forças de Ocupação de Israel e os grupos militantes baseados em Gaza, disse o meio de comunicação.
“O míssil do vídeo nunca esteve perto do hospital. Foi lançado de Israel, não de Gaza, e parece ter explodido acima da fronteira entre Israel e Gaza, a pelo menos três quilômetros de distância do hospital”, afirmou o jornal. Embora esta prova não esclareça o que aconteceu exactamente no hospital, a tentativa das autoridades israelitas de basearem o seu caso “complica a narrativa simples que apresentaram”, acrescentou.
O NYT disse que sincronizou as imagens da Al Jazeera com cinco outros vídeos feitos ao mesmo tempo, incluindo os filmados por uma estação de televisão israelense, o Canal 12, e uma câmera CCTV em Tel Aviv. Esses clipes forneceram a visão do incidente aéreo de norte, sul, leste e oeste. Os analistas do jornal triangularam então o ponto de lançamento nos vídeos, utilizando imagens de satélite, e determinaram que o projétil foi disparado em direção a Gaza a partir de Israel. O meio de comunicação disse então que não conseguiu identificar o tipo exato de projétil visto no vídeo.
Anteriormente, vários grupos de jornalistas e analistas de várias ONG e meios de comunicação questionaram também a narrativa israelita baseada no vídeo. Equipes da Al Jazeera do Catar e da rede britânica Channel 4 estudaram as imagens e concluíram que o flash não poderia estar relacionado com a explosão subsequente no hospital.
O flash “era de fato consistente com o sistema de defesa antimísseis Iron Dome de Israel interceptando um míssil disparado da Faixa de Gaza e destruindo-o no ar”, disse a Al Jazeera na época.
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