domingo, 29 de outubro de 2023

ENTRE MORTOS E FERIDOS, ISRAEL NÃO PODE SE SALVAR


Há essa máxima no Brasil a determinar que qualquer ser humano vira santo quando morre. Nós brasileiros temos ainda uma relação tão profundamente sacralizada com a morte, que nos recusamos compreender o morto como o mesmo antigo vivente, que agora apenas se encontra num estado físico diferente.
 
Por: Douglas N. Puodzius

Nem queremos saber e até detestamos ou melhor, excomungamos, qualquer analista insensível, sem coração, que nos queira fazer ver essa realidade em sua faceta nua e crua. Há sim quem, apesar de tudo o que se sabe a respeito de nossos posicionamentos com relação a santidade dos mortos, ainda insista conosco que, independentemente até das condições fisiológicas tremendamente dispares entre mortos e viventes, conexões históricas e sociais, que permanecem intactas mesmo depois do enterro, devem ser sopesadas quando se avalia o caráter do defunto, antes de proclamar sua divindade.


Então, é isso... O morto que falamos, não é um sujeito que nasceu morto, sem passado... Nesse caso em pauta, não existe um sujeito que morreu completamente diferente daquele que viveu. Os dois fazem parte da mesma história e, assim sendo, anjo ou demônio vivo é o mesmo anjo ou demônio morto.

Não desejo pregar que lidemos com a morte, ou com a vida, como se tratássemos com algo trivial, sem valor. Nada disso... Pelo contrário, peço que respeitemos aqueles que verdadeiramente merecem ser velados com certas honras, não elevando a categoria de santos todos, igualmente, apenas pelo fato de terem deixado este plano da vida. Bem como, não desejo que mesmo aqueles menos honestos em vida tenham sua morte desrespeitada. Todos merecem respeito e condolências, mas nem todos devem ser santificados. É disso que se trata, enfim...

Embora tenha feito todas as ressalvas, ainda chamo a atenção para a premissa que uso nos posicionamentos, sempre trabalhando o texto com base em coletivos. Falo de povos, e não individualizo os seres afetados pela tragédia, qualificando-os como homens, mulheres, crianças, velhos e quaisquer características comumente usadas pela mídia, quando busca sensibilizar os espectadores em favor dos interesses dos patrões.

Assim sendo, o que mais se evidencia no todo do conflito em Gaza, é o fato de que não há maior culpado do que o invasor desumano, que é Israel, e ato contínuo, nada fica mais escancarado do que o esforço da mídia comercial em suas tenebrosas tentativas de usar a morte de crianças para produzir uma narrativa que inverta essa realidade. É um escárnio...

A ideia de condenar o Hamas por atos sanguinários e usar das mortes efetuadas durante ataques do grupo para bater na tecla de que devemos lutar pela classificação da agremiação como Terrorista, é a mais infame das estratégias do ponto de vista humanitário. Ademais, como não bastasse apenas essa infâmia, utilizam dessa retorica para justificar os assassinatos em massa que Israel está cometendo nesse exato momento. É absolutamente nefasto o despudor desses agentes do império que atuam na mídia comercial.

Primeiro, porque se despreza totalmente o histórico, muito vasto aliás, de assassinatos cometidos por Israel, inclusive, atrocidades sempre executadas com o verniz do preconceito nazista, odiosamente e, principalmente, à margem da lei internacional. Quem diria? Israel a perpetrar milhares de mortes com ataques monstruosos realizados à margem dessa “tão importante” regulamentação. Preceitos morais e legais que agora, jurando isenção no desejo de preservar vidas, escondidos sob o rótulo de humanitários, são defendidos com unhas e dentes por muitos daqueles hipócritas apoiadores dos desmandos sionistas.

Segundo, porque se quer superada a questão dos crimes de guerra perpetrados, antes e agora, por Israel, considerando sua condição de estado nacional. A mídia comercial tenta vender a lógica da isenção desses atos criminosos com muita sutileza. Para tanto, parte do princípio que se deve Julgar Israel na condição de um país estabelecido com uma burocracia bem definida. Sendo assim, lida-se com essa profícua estrutura estatal que, ao reger sua eficiente governança, estabelece, sem sombra de dúvida, a possibilidade de reconhecer tanto os atores, bem como as cotas de cada um, no que diz respeito as responsabilidades objetivas e subjetivas dos crimes do Estado. E, nessa perspectiva, permite-se punir apenas e tão somente seus mandatários e não o país, ou o povo como um todo. No caso do Hamas, não... Como não se sabe quem é quem entre os palestinos; deve-se matar a todos, sem distinção. Então, que as bombas caiam a esmo, porque todas estão de antemão muito bem justificadas.

Mas, eu falei muito sobre como nós, brasileiros, cegamos nossos julgamentos, quando testemunhamos a morte, principalmente, a morte de crianças. Frente a imagens bem escolhidas de vítimas infantis, nós prontamente nos dispomos a condenar o assassino de modo absoluto. Exigimos vingança de igual calibre e com crueldade, de preferência. Não é atoa que entre nós prospera o tal raciocínio selvagem do: Bandido bom é bandido morto.

E o que temos assistido atualmente, entre o povo brasileiro, são pessoas, que nunca derramaram uma lagrima sequer pela morte de milhões de palestinos em mais de quarenta anos de massacre israelense, chorando a morte de alguns moradores de Israel*.

Bem, o fato é que, tendo a razão anuviada pela compaixão e por essa dificuldade de discutir eventos que envolvem a morte sem a salvaguarda de estarmos a lidar com anjos mortos, compramos certas premissas falsas, que objetivam única e exclusivamente corroborar o massacre promovido por Israel. Mas, a verdade é que, mesmo aquele argumento de que o povo de Israel nada tem a ver com a matança cai por terra ante a realidade de um governo eleito por estes cidadãos e, pior, quando também a oposição se alia a situação e se forma uma coalizão para matar os palestinos. É, portanto, a totalidade dos representantes desse povo inocente que está empenhada em promover os assassinatos, que já se encontram na ordem de milhares de vidas, aliás, inocentes.

E, por outro lado, debatendo com a santidade dos primeiros mortos, talvez relativizemos um tanto de nossos pesares se levarmos em conta que todos eles estavam participando de um show de música em terras invadidas. Cantando, dançando e se divertindo sobre o solo onde, na periferia, milhões de palestinos passavam fome e morriam todos os dias. Talvez, possamos lidar com respeito que merecem os assassinados, mas sem os divinizar ao saber que nada se alterou na “Reive” quando iniciaram o ataque, pois, ante ao som de metralhadores e bombas todos imaginaram que era apenas mais uma costumeira ação israelense de promoção do morticínio em Gaza. “- Por que parar a festa se alguns Palestinos vão morrer? Sobe o som DJ!!!”

Considero sim que devemos chorar todas as mortes, mas não devemos nos deixar levar pelo apelativo fúnebre que os pulhas da mídia comercial utilizam para nos manipular em favor de Israel.

Se for o caso, podemos também simplificar tudo a favor de Gaza, assim como fazem para favorecer os assassinatos de Israel. Por que Não? Pelo menos não precisaremos mentir, nem sermos hipócritas e nem distorcer a realidade...

Israel é o invasor. Israel é o torturador. Israel é o assassino! É simples assim... E o Hamas? O Hamas é apenas mais um agente entre muitos, que optou por uma entre muitas maneiras de lidar com a opressão Israelense. Também é simples assim... Se quiser reciprocidade de discurso para justificar o último ataque do grupo; pode dizer que o Hamas revidou anos e anos de violência israelense ou, se desejar, pode também usar o mesmo artificio de ataque preventivo, tão em moda quando Israel assassina palestinos.

Fico por aqui desejando que você tenha ficado chocado o suficiente para rechaçar os discursos que, com igual frieza que utilizei aqui, pululam na mídia comercial em favor de Israel. Falas de analistas conceituados, feitas exatamente no mesmo tom, pelas quais você nunca se indignou ou pior, depois de as ouvir ficou todo consternado com a situação de Israel e odiando os Palestinos.

Vamos nos manter atentos e fortes!

*Moradores de Israel é tratamento usado em reciprocidade ao modo como se identifica Palestinos na mídia comercial. Eles são normalmente apresentados como; moradores de Gaza. Não gostou? Nem eu....

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