domingo, 14 de dezembro de 2025

TOMO MMLIX - O BRASIL DO MEU BRASIL


Enquanto leio manchetes e discursos inflamados, ecoa a frase que virou bordão: “Nossa bandeira jamais será vermelha.” Vermelha como brasa, como sugere o próprio nome Brasil. Mas há algo de podre na educação que produz esse tipo de pensamento. Não é apenas uma falha de escrita ou de leitura: é uma deformação no modo de pensar
.Contrariar a lógica não é pensar. E o problema é tão antigo que se tornou normalizado. Quem ousa questionar é imediatamente rotulado de insano. Talvez por isso eu me identifique com a palavra Sandice.

Essa incompreensão não poupa nem mesmo os que se opõem às idiotices. Sem aprendizado efetivo, o país se vê constantemente ameaçado por discursos rasos e por medos fabricados.

Tenho setenta anos e guardo na memória os dias que antecederam o golpe de 1964. Naquele tempo, os evangélicos eram quase inexistentes; a cegueira política era basicamente católica. Ainda assim, o medo da cor vermelha já era regra.

Hoje, alguns parecem querer rebatizar a pátria: de Brasil para Greenil. Um nome inventado, que mistura o sufixo “IL” à cor verde em inglês — a língua pátria dos amantes do império do mal. Uma ironia que revela a aversão ao verdadeiro significado do Brasil.

Nasci neste torrão de terra sob a quadricolor bandeira, desprovida de heróis nativos até que o Estado Novo resolveu inventar Tiradentes. O hino nacional, por sua vez, nasceu de uma pseudo-independência, conduzida pelo príncipe herdeiro do império invasor. Ele e seu pai só desembarcaram aqui por medo das guerras napoleônicas.

Mas não é esse detalhe histórico que nos preocupa hoje. O que importa é entender como os medos se repetem, produzindo uma aversão ao nome Brasil e ao que ele simboliza. Some-se a isso a estranha leitura religiosa de que um Deus único sustentaria uma sociedade estamentada, desigual, e não igualitária como sugeriria a ideia de sermos filhos de um mesmo Deus.

O mínimo que se esperaria é uma compreensão básica do significado da palavra Brasil: vermelho como brasa. Não Greenil, verde como limbo. Limbo, segundo a sabedoria popular, é equivalente a lodo.

E para fugir desse lodo intelectual, é preciso ação. Todos às ruas contra a PEC da dosimetria, que carrega no fundo a mesma idiotice de quem desconhece o verdadeiro significado de Brasil.


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