"Tem seres destinados, há,
Produzir o mais puro néctar,
Outros, ainda que voem,
Voam sobre o lixo.
Os seres que sintetizam o mel,
Apesar das derrotas,
"Por suas opções, pela retidão",
Quando perdem, apesar de saber,
Das mesquinharias de seus julgadores,
Não apelam para o vitrinismo.
Estas são as abelhas, rainhas ou não!
Já as moscas, ainda que dotadas de asas,
Voam e sobrevoam, restos.
Já as moscas, mesmo dotadas de asas,
São como os seres mesquinhos,
Sempre ávidos, para golpear.
Dez anos do aceite do processo,
A Dilma, cabeça erguida,
Dilma presidenta do banco do BRICs.
Já seus algozes, tramam,
Tramam, a PEC da bandidagem.
Já seus algozes, tramam,
Tramam, o seguimento do golpe.
Anesino Sandice
Há seres destinados a produzir o mais puro néctar. Outros, ainda que tenham asas, preferem voar sobre o lixo.
As abelhas, rainhas ou não, sintetizam o mel. Mesmo diante das derrotas, mantêm a retidão de suas escolhas. Quando perdem, conscientes das mesquinharias de seus julgadores, não recorrem ao espetáculo vazio, não apelam para o vitrinismo.
Já as moscas, embora também dotadas de asas, sobrevoam restos. São como os seres mesquinhos: sempre ávidos por golpear, sempre prontos a se alimentar da degradação.
Dez anos após o início do processo contra Dilma, ela segue de cabeça erguida, hoje presidenta do Banco dos BRICS. Seus algozes, por outro lado, continuam a tramar: a PEC da bandidagem, a continuidade do golpe, a perpetuação da sandice.Com a dor superada pela certeza da luta eterna — o bom combate de quem não se rende — minhas lembranças retornam àquele momento: dez anos da abertura do processo contra Dilma.
Dói saber tudo o que foi deixado para trás: a CLT, a previdência pública, o Pré-Sal, a Eletronorte, setecentas mil vidas, refinarias, usinas de adubos, empresas de semicondutores e de computadores de bordo. A lista é extensa. Entre as perdas, caímos posições entre as maiores economias do mundo e voltamos ao mapa da fome. Tudo isso, em nome de Deus. Como se invocar o nome divino fosse capaz de ressuscitar vidas perdidas pela irresponsabilidade no enfrentamento da pandemia, ou tornar honesto o roubo de joias e a compra de imóveis em dinheiro vivo.
Hoje, nosso coração bate aliviado:
• O golpista-mor vê o sol nascer quadrado.
• O Brasil saiu novamente do indigno mapa da fome.
• Vivenciamos o menor índice de desemprego em anos.
• Discutimos em condições de igualdade com as principais economias do mundo.
Nem tudo, porém, é festa.
Entre Temores e Oportunidades Perdidas
Alguns de nossos temores ainda são consequência das moscas da trama golpista de 2016. Outros vêm da não construção de uma pátria soberana quando a oportunidade se abriu com o fim da ditadura militar. Nós, trabalhadores, não estávamos organizados. As forças progressistas apostaram suas fichas nos partidos da burguesia nacional.
Mas a burguesia brasileira sofre de uma síndrome crônica e incurável: a do sabujo. Incapaz de pensar o Brasil como nação soberana, preferiu a submissão.
No final da ditadura, quando se abriu um portal de oportunidades, nossas elites poderiam ter pleiteado uma nova onda de industrialização. Optaram, no entanto, pela desindustrialização, importando tudo dos tigres asiáticos. Sabemos que esses tigres só se tornaram tigres pela desregulamentação das leis trabalhistas — algo que não é, nem nunca foi, nosso pleito.
O que defendíamos era a importância do Brasil enquanto nação. Essa pauta poderia ter ido às mesas de negociação. Mas, como sempre, as moscas precisam de fezes para sobrevoar.
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