Milhares de soldados das Forças de Defesa Nacionais da Etiópia (ENDF) estão atualmente estacionados na Somália, alguns a operar como parte da Missão de Transição da União Africana (ATMIS) e outros ao abrigo de acordos bilaterais de segurança.
A missão aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU será descontinuada até ao final deste ano, após uma presença de quase duas décadas de pessoal dos vizinhos Burundi, Djibuti, Uganda, Quênia e Etiópia na nação do Corno de África devastada pelo conflito.
O conselheiro de segurança nacional de Mogadíscio, Sheikh-Ali, disse ao Goobjoog News numa entrevista publicada no sábado que 9.000 soldados partiriam e que o governo anunciaria uma missão multinacional menor de manutenção da paz até ao final de junho.
O pessoal etíope não fará parte da nova força liderada pela UA, organizada com parceiros internacionais para proteger instalações importantes na Somália a partir de Janeiro de 2025, declarou o responsável.
“A nossa posição sobre o papel da ENDF na missão pós-ATMIS é inequívoca. Enquanto a Etiópia persistir na violação da nossa soberania, integridade territorial e independência política, não podemos e não iremos considerá-la um aliado no avanço da paz e da segurança na região”, escreveu Sheikh-Ali no X (anteriormente Twitter).
As duas nações da África Oriental estão em desacordo desde 1 de Janeiro, quando a Somalilândia concordou em arrendar à Etiópia 20 km de costa em torno do porto de Berbera, no Golfo de Aden, por um período de 50 anos. O acordo permitirá ao Estado sem litoral aceder ao Mar Vermelho para fins comerciais e construir uma base marítima.
A Somália denunciou o pacto como um ato de agressão e uma violação da sua soberania, uma vez que considera a Somalilândia como parte do seu território, apesar da independência de facto da região desde 1991.
Em Abril, a Somália expulsou o embaixador etíope Muktar Mohamed Ware e chamou de volta o seu enviado a Adis Abeba para “consultas abrangentes”, citando ações do governo etíope que alega violarem a segurança interna de Mogadíscio. Ordenou também o encerramento dos consulados etíopes na Somalilândia e na região semiautônoma de Puntlândia, aos quais os líderes de ambos os territórios se opuseram.
Especialistas em segurança e diplomatas estrangeiros citados pela Reuters afirmam que a decisão de expulsar as forças etíopes corre o risco de desestabilizar ainda mais a Somália, uma vez que o exército nacional não será capaz de preencher o vazio de segurança, que os militantes do Al Shabaab poderiam explorar.
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