GOLPE MILITAR: Conselho político do Níger convoca embaixadores e joga com o sentimento antiocidental

A junta militar do Níger revogou os mandatos de quatro de seus representantes diplomáticos após uma troca palaciana na semana passada.

O governo autoproclamado liderado pelo general Abdourahamane Tchiani declarou na noite de quinta-feira, 3 de agosto, que a autoridade dos diplomatas que representam o país na França, Nigéria, Togo e Estados Unidos foi “encerrada”.

Forças leais a Tchiani, chefe de longa data da guarda presidencial, prenderam o presidente Mohamed Bazoum e outros funcionários do governo para tomar o poder no país da África Ocidental na semana passada.

“A junta deve raciocinar, perceber que este caso não pode ter sucesso e evitar sofrimentos inúteis e inevitáveis para o nosso povo e devolver o poder”, disse Kiari Liman-Tinguiri, embaixador do Níger em Washington, à AFP. Acrescentou que considera Bazoum o legítimo chefe de estado.

Kiari Liman-Tinguiri e Joe Biden

O presidente deposto escreveu um artigo no Washington Post na quinta-feira, instando o governo dos EUA a agir para proteger seus interesses. Ele descreveu o Níger com ele no poder como o último baluarte contra a influência russa na região do Sahel.

Os golpistas estão supostamente jogando com o sentimento antiocidental local e anunciaram que estão desfazendo acordos com os EUA e a França, segundo os quais as duas nações mantêm um total de 2.500 soldados no Níger. A pobre nação africana é rica em recursos minerais e possui algumas das maiores reservas de urânio do mundo.

A junta também reiterou advertências contra “agressão ou tentativa de agressão” por parte da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). O bloco regional de 15 países emitiu um ultimato na semana passada, exigindo que Bazoum fosse restabelecido e alertando que os estados membros podem usar a força.

Terras colonizadas e civilizadas de ultra mare francesas

A participação de alguns membros da CEDEAO, incluindo o Níger, foi recentemente suspensa. A junta indicou que considera os vizinhos Burkina Faso e Mali, que também foram penalizados, como nações amigas.

Uma delegação da CEDEAO visitou a capital do Níger, Niamey, esta semana para negociar uma possível resolução da crise. Segundo a mídia local, as negociações fracassaram na quinta-feira.