Índia se prepara para pouso histórico na Lua

A terceira missão lunar da Índia, Chandrayaan-3, realizou com sucesso sua manobra final antes de pousar na Lua. No sábado, o módulo de pouso da missão executou com sucesso um segundo deboosting, no qual sua órbita foi modificada.

O módulo de pouso, composto pelo módulo de pouso Vikram e o rover Pragyan, estará preparado para pousar no polo sul lunar na quarta-feira às 18h04, horário da Índia (IST), confirmou a agência espacial do país. Isso aproxima a Índia de se tornar o quarto país, depois da URSS, dos EUA e da China, a pousar com sucesso um veículo na Lua.

“A segunda e última operação de desboosting reduziu com sucesso a órbita LM para 25 km x 134 km. O módulo passaria por verificações internas e aguardaria o nascer do sol no local de pouso designado”, disse a Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO) em um tweet.

“Sempre haverá uma pequena probabilidade diferente de zero de que possa dar errado e não podemos eliminar isso”, disse Annapurni Subramanian, astrônomo sênior e diretor do Instituto Indiano de Astrofísica (IIA), ao News18, acrescentando: “Tenho certeza que vamos conseguir desta vez. Uma grande preparação foi feita e o Chandrayaan-3 tem a maior probabilidade de ser bem-sucedido”. Um esforço semelhante da ISRO em 2019 terminou em fracasso.

O anúncio da ISRO veio horas antes de a agência espacial russa confirmar no domingo que a própria missão lunar Luna 25 de Moscou foi perdida após um incidente durante as manobras de pré-pouso. “A espaçonave Luna-25 mudou para uma órbita não designada e parou de operar devido a uma colisão com a superfície da Lua”, disse a Roscosmos em um comunicado. Espera-se que Chandrayaan-3 pouse na região polar sul da lua, que também foi o destino da missão Luna 25. Nenhum outro país fez um pouso suave no pólo sul lunar, que se acredita ter depósitos de gelo que podem ter um valor significativo para explorações futuras.

A agência de notícias PTI citou anteriormente o presidente da ISRO, S Somanath, dizendo que o posicionamento da espaçonave da Índia será crítico para o pouso da missão Chandrayaan-3 na Lua. “A capacidade de transferir a espaçonave da direção horizontal para a vertical é o ‘truque que temos que usar’ aqui”, explicou Somanath. A velocidade no início do processo de pouso é de quase 1,68 km por segundo [mais de 6.000 km por hora], mas essa velocidade é horizontal à superfície da lua. O Chandrayaan-3 aqui está inclinado quase 90 graus, ele deve se tornar vertical, observou o relatório.

Os cientistas por trás da terceira missão da Índia têm apontado que Chandrayaan-3 aprendeu com as falhas da segunda missão, Chandrayaan-2, em julho de 2019, mas não conseguiu pousar suavemente na Lua, caindo no pouso.

Segundo Somanath, a espaçonave da segunda missão havia usado cinco motores para reduzir sua velocidade e estes desenvolveram um impulso maior do que o esperado. “Todos os erros se acumularam, o que foi mais alto do que esperávamos. A nave tinha que fazer curvas muito rápidas. Quando começou a girar muito rápido, sua capacidade de girar foi limitada pelo software porque nunca esperávamos taxas tão altas. Esse foi o segundo problema”, disse o chefe da ISRO ao PTI no mês passado. A terceira razão para o fracasso foi o pequeno local de 500m x 500m identificado para o pouso da espaçonave. “A nave estava tentando chegar lá aumentando a velocidade. Estava quase perto do chão e não parava de aumentar a velocidade”, explicou Somanath.

A missão lunar de 2023 da Índia partiu da Terra em 14 de julho. Enquanto estava a caminho da Lua, a sonda tirou muitas fotos. Em 18 de agosto, a ISRO compartilhou a imagem do módulo de propulsão de voo livre do Chandrayaan-3. Antes disso, as imagens da Lua eram capturadas pela Câmera de Detecção de Posição do Lander (LPDC). Enquanto isso, a Índia anunciou que lançará o primeiro observatório indiano baseado no espaço para estudar o Sol, chamado Aditya-L1, no próximo mês.