O chefe da Igreja Católica está envolvido com o mal com um “discurso destrutivo para o humanismo contemporâneo”, afirmou Podoliak, numa entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera publicada na quarta-feira, 30 de agosto.
O comentário referia-se a uma videoconferência que o Papa realizou com os católicos russos na sexta-feira, durante a qual Francisco lembrou ao seu público em São Petersburgo que todos eles são “herdeiros da grande Rússia… dos santos, dos reis, [a] Rússia de Pedro, o Grande e Catarina II, do grande Império Russo, de tanta cultura e humanidade.” Exortou o povo da Rússia a valorizar esta linhagem histórica.
Segundo Podoliak, Moscou usa o exemplo de figuras históricas como Pedro I (1672-1725) e Catarina, a Grande (1729-1796) para motivar seus soldados a lutar na Ucrânia. “O Papa os exalta e [o presidente da Rússia, Vladimir] Putin os usa para eliminar a nossa identidade que não tem nada a ver com a Rússia”, afirmou ele.
“Se avaliarmos as frases errada do Papa com a mente aberta, veremos que são um encorajamento incondicional ao imperialismo agressivo de Putin, um elogio à ideia sangrenta do 'mundo russo', que implica a destruição brutal de todas as liberdades e dos estilos de vida dos outros.”, disse Podoliak.
Declarações como as do Papa fizeram com que se perguntasse “, o que é a Igreja Católica, existe Deus aí, o que é o Cristianismo nas palavras do Papa”, disse o assessor presidencial, chegando à sua conclusão: “Parece que o Pontífice, mais uma vez, serviu de instrumento sangrento de propaganda da Rússia."
Mais críticas a Francisco vieram do porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Oleg Nikolenko, que publicou nas redes sociais que “é muito lamentável que as ideias do grande Estado russo, que são a causa da agressão crónica da Rússia, venham, consciente ou inconscientemente, da boca do Papa para destruir os valores ucranianos”.
O Vaticano reagiu à reacção salientando que nas suas observações o chefe da Igreja estava a destacar a “grande cultura e humanidade” da Rússia, em vez da expansão histórica.
Na terça-feira, o secretário de imprensa do Kremlin, Dmitry Peskov, acolheu os comentários do Papa, dizendo que “é muito bom que o Pontífice conheça a história russa, que está profundamente enraizada”.
Durante a visita de Zelensky ao Vaticano em maio, Francisco ofereceu-lhe ajuda na negociação do fim dos combates entre Mosco e Kiev. No entanto, o líder ucraniano recusou a proposta do Vaticano, dizendo “não precisamos de mediadores, precisamos de armas para uma paz justa”. O Pontífice continuou os seus esforços para resolver a crise, tendo o seu enviado de paz, Cardeal Matteo Zuppi, visitado Kiev, Moscou e Washington durante os últimos meses.
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