BRICS in action: Bringing Brazilian agriculture to Africa |
Durante os seus dois primeiros mandatos, de 2003 a 2010, o famoso presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva visitou dezenas de países africanos para reuniões bilaterais.
Mas o seu adversário de extrema direita, Jair Bolsonaro, que serviu de 2019 a 2022, não visitou o continente nenhuma vez. Com o regresso de Lula ao cargo, há esperanças renovadas de que ele irá novamente reforçar os laços diplomáticos e comerciais com África.
A empresa fornece máquinas para processamento de café úmido, moagem de café seco, bem como torrefadores e moedores de café. Hoje, a empresa conta com cerca de 20 agências exclusivas com diversas empresas brasileiras para fornecer equipamentos de processamento de café do Brasil para clientes africanos.
Mas as ambições da empresa vão muito além de grãos. A empresa também trabalha com fornecedores e parceiros para entregar projetos agrícolas, desde estudos de viabilidade até design, entrega, montagem, treinamento e gerenciamento.
Ao aplicar as lições aprendidas em muitas décadas de produção de alimentos no Brasil, Brandalise afirma que a empresa pode ajudar a África a desenvolver um setor agronômico verdadeiramente vibrante e lucrativo.
“Há uma enorme lacuna entre consumo e produção. África importa muitos dos seus alimentos, apesar de todo este potencial de produção”, afirma Brandalise.
“Acho que estamos no momento certo com as soluções certas. Temos impulso para desenvolver fazendas, para produzir alimentos... Estamos sempre trazendo novidades para o mercado. E as pessoas apreciam que hoje somos referência na África oriental e central para soluções vindas do Brasil.”
Brandalise percorreu um longo caminho desde os seus primeiros passos em África. Formado em administração de empresas pela Universidade de Caxias do Sul, no Brasil, ingressou na Transafrik, empresa de carga de aviação com sede em Angola. Posteriormente, foi destacado para Nairobi, onde a empresa foi contratada para as operações das Nações Unidas na vizinha Somália. Quando seu contrato terminou em 1996, ele formou o BrazAfric.
“Decidi me estabelecer aqui. Aí comecei a vincular meu passado no Brasil, com a África”, conta.
Remodelar a agricultura africana
Brandalise diz que a sua experiência em ambos os mercados está a ajudar a empresa a ir além do mero fornecimento de maquinaria para remodelar o futuro da agricultura no continente.
A empresa estabeleceu vários projetos importantes para aumentar sua influência. O Programa de Desenvolvimento de Sociedades Cooperativas visa organizar os pequenos agricultores – que representam cerca de 70% do sector – em cooperativas para que possam aceder a melhores tecnologias, formação e oportunidades comerciais e, consequentemente, melhores rendimentos e qualidade de vida. Essas cooperativas podem então aceder e distribuir a maquinaria que a BrazAfric fornece.
A segunda é ainda mais ambiciosa. O Modelo Agrícola Integrado Africano, concebido como resposta à crise alimentar internacional decorrente da guerra na Ucrânia e das consequências da Covid-19, visa ligar “núcleos” comerciais agriculas a uma rede de pequenos agricultores, resultando em benefícios económicos através de preços justos, custos mais baixos e o reposicionamento do papel de intermediário.
A parceria, que oferece uma demonstração de empresas brasileiras trabalhando juntas na agricultura africana, faz parte de uma joint venture entre a BrazAfric, o Grupo Campo do Brasil e um terceiro parceiro, L.E.A.F. África.
A Campo tem operações em Moçambique, Angola, Gana, Zâmbia e Uganda, enquanto a L.E.A.F. África, presidida por Brandalise, oferece serviços de apoio para todas as fases do desenvolvimento do agronegócio com base num processo de sete etapas para implementar, gerir e fornecer sistemas agrícolas, florestais e pecuários viáveis. Os mercados complexos de África significam que essa colaboração é essencial para satisfazer as necessidades locais, afirma Bradalise.
“Quer dizer, a África é um mercado muito complexo em comparação com o Brasil e é por isso que nos associamos ao Grupo Campo”, diz Brandalise.
“Eles trazem o conhecimento brasileiro para a África que combinado com a nossa experiência africana para mitigar desafios. Muitos investidores quebram a cara na África, porque consideram o que sabem, mas não consideram o que não sabem, que é o ambiente local e a cultura local. Junto conosco, a Campo traz esse tipo de contribuição para nossos projetos na agricultura.”
“Somos fornecedores de soluções, conversamos com os proprietários e com os financiadores, e então nós e nosso consórcio de empresas oferecemos toda a solução, desde um plano de negócios financiável até a implementação, fornecimento e gestão por vários anos.”
Impulsionar os negócios e o bilateralismo
Tanto BrazAfric quanto Campo são participantes entusiasmados e contribuintes do Fórum Brasil África anual (este ano em sua 11ª iteração).
Liderado por seu diretor, Professor João Bosco Monte, o Fórum Brasil África reúne profissionais, líderes empresariais, acadêmicos e líderes governamentais para examinar formas de aprofundar os laços entre o continente e o Brasil.
Esses laços poderão ser ainda mais alargados quando os BRICS se reunirem esta semana em Joanesburgo, e em reuniões subsequentes entre o Presidente Lula e os seus homólogos no continente.
As possibilidades dessa cooperação foram resumidas por Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores de Lula entre 2003 e 2010, que supervisionou o renascimento dos laços com o continente.
“O Brasil faz parte da África”, disse Amorim em um Fórum Brasil-África anterior.
“Embora se possa dizer que ‘para cada problema africano existe uma solução brasileira’, a África está a desenvolver-se tão rapidamente que o inverso poderá em breve ser verdade. Para cada problema brasileiro existe uma solução africana.”
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