segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

O início da queda de Olaf Scholz

O chefe do governo alemão, o social-democrata Olaf Scholz, perdeu um voto de confiança perante o Bundestag (câmara baixa do parlamento) na segunda-feira, abrindo caminho para eleições gerais antecipadas a serem realizadas em 23 de fevereiro.

A moção de confiança levantada pelo próprio Scholz foi rejeitada por 394 legisladores, em comparação com 207 que a apoiaram, enquanto 116 se abstiveram. O resultado era esperado, desde o rompimento, no mês passado, da coalizão que apoiava seu governo.

Scholz, de 66 anos, convocou a moção na Câmara onde já não tem maioria, após a eclosão da aliança entre social-democratas (SPD), ambientalistas e liberais (FDP) que governava o país desde 2021.

Ao perder a votação no Bundestag Sholz, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier terá três semanas para dissolver a câmara.

A maior economia da Europa era um modelo, mas atravessa uma grave crise política, tal como a sua vizinha França - e o seu principal parceiro na União Europeia - cujo governo também está vacilante.

A coligação liderada por Scholz ruiu em 6 de Novembro, após a demissão de Christian Lindner do cargo de Ministro das Finanças.

A saída deste político liberal do FDP do governo devido a divergências sobre o orçamento deixou Scholz numa minoria no Bundestag, pelo que qualquer iniciativa legislativa ficou paralisada.

Esta crise foi o resultado de meses de disputas entre os três partidos governantes sobre política económica, questões como a migração e confrontos pessoais.

Por fim, as divergências relativamente ao plano orçamental para 2025, que deveria estar finalizado em Novembro, acabaram por pesar nesta aliança.

Para que o Parlamento seja dissolvido e sejam realizadas eleições antecipadas, o chanceler, como chefe do governo, tem de apresentar uma moção de confiança.

Isto abre caminho para eleições em 23 de fevereiro, data previamente acordada pelos partidos políticos.

"CRISE"

A sessão no Bundestag começou às 13h00 locais (11h00 GMT) e começou com uma declaração de Scholz que argumentou que a Alemanha precisa de “investimentos maciços”, especialmente na defesa para ajudar a Ucrânia, e depois dará lugar a um debate.

Para garantir o avanço da moção, os Verdes comprometeram-se a abster-se, depois de o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ter ameaçado inviabilizar o processo ao votar a favor de Scholz.

Após a Segunda Guerra Mundial, apenas quatro chefes de governo apresentaram moções de confiança, com o objectivo de convocar eleições.
Para Claire Demesmay, cientista política da Sciences Po em Paris, “o modelo alemão está em crise”.

A prosperidade da Alemanha “foi construída sobre energia barata importada da Rússia, sobre uma política de segurança militar delegada aos Estados Unidos e sobre exportações e subcontratação para a China”, disse ele à AFP.

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