domingo, 9 de julho de 2023

Canadá e Reino Unido se posicionam contra o fornecimento de armas de fragmentação dos EUA para a Ucrânia


O Canadá e o Reino Unido se tornaram os últimos países ocidentais a expressar preocupação com a decisão do presidente dos EUA, Joe Biden, de fornecer munições cluster à Ucrânia. Ambos os países reafirmaram seu compromisso com um acordo da ONU que proíbe os armamentos e se pronunciaram contra seu emprego no atual conflito com a Rússia.

Não apoiamos o uso de munições cluster”, disse o governo canadense à emissora nacional CTV no sábado. Ottawa está “comprometida em acabar com os efeitos das munições cluster sobre os civis – particularmente as crianças”, diz o comunicado.

Separadamente, o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak disse a jornalistas que Londres também não apóia o emprego de bombas de fragmentação. “O Reino Unido é signatário de uma convenção que proíbe a produção ou o uso de munições cluster e desencoraja seu uso”, explicou ele, acrescentando que Londres continuará a apoiar a Ucrânia por outros meios.

O Canadá disse estar “totalmente em conformidade” com a convenção da ONU que proíbe esse tipo de armamento dos EUA, adotada em 2008. Mais de 110 nações aderiram ao acordo desde então.

As bombas de fragmentação carregam submunições explosivas menores que são lançadas durante o vôo e espalhadas por uma área-alvo e são normalmente usadas contra pessoal e veículos blindados leves. Eles também tendem a deixar para trás “insucessos” não detonados que podem permanecer em antigas zonas de conflito por décadas.

As pessoas continuam morrendo por causa do uso desse tipo de arma”, disse Earl Turcotte, diplomata canadense veterano e ativista do desarmamento, à CTV. O ex-funcionário, que liderou a delegação canadense nas negociações sobre a convenção de 2008 sobre munições cluster, instou Ottawa a “se manifestar” especificamente contra a decisão dos EUA.


Deve ser feito de forma clara e enérgica que qualquer benefício militar imediato que as munições de fragmentação possam proporcionar seria anulado e superado em muito por seu impacto humanitário sobre os cidadãos ucranianos a longo prazo”, disse Turcotte.

Washington, no entanto, assumiu uma posição diferente no sábado. Quando perguntado sobre o dano potencial à população civil que as bombas fabricadas nos EUA poderiam infligir na Ucrânia, um alto funcionário do Pentágono disse que “a pior coisa para os civis na Ucrânia é a vitória da Rússia”.

A medida anunciada pelos EUA nesta semana gerou preocupação entre várias nações, incluindo alguns dos aliados dos Estados Unidos, bem como na ONU. Na sexta-feira, a Alemanha reafirmou seu compromisso com o tratado da ONU que proíbe as munições cluster. A Áustria também alertou que o Ocidente estaria enviando um sinal errado ao entregar tal munição a uma zona de conflito, enquanto a Espanha disse que não deveria ser usado pela Ucrânia “sob nenhuma circunstância”.


Moscou condenou a decisão de Washington como um ato de “desespero” que não afetaria sua campanha militar em andamento, mas teria consequências terríveis para os não combatentes. Os EUA "compartilharão total responsabilidade pelas mortes... de crianças russas e ucranianas", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, no sábado.

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