sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Honduras recebe três aviões com 500 deportados


O governo hondurenho confirmou hoje a chegada amanhã de três aviões com quase 500 migrantes deportados dos Estados Unidos, como parte das polêmicas políticas de imigração do presidente Donald Trump.

Em declarações a uma emissora de televisão na capital, o vice-ministro hondurenho de Assuntos Consulares e Migratórios, Antonio Garcia, explicou que cerca de 130 compatriotas chegarão em uma aeronave militar e o restante (cerca de 350) chegará em dois voos fretados.

Todos os aviões pousarão depois do meio-dia no aeroporto Ramón Villeda Morales, localizado na cidade de San Pedro Sula, no departamento de Cortés, disse ele.

O vice-chanceler indicou que os compatriotas que retornaram no voo militar foram detidos recentemente na fronteira, como parte das polêmicas ordens de Trump, que iniciou uma espécie de caçada humana contra cidadãos de vários países, especialmente latino-americanos.

García esclareceu que seus compatriotas não chegarão algemados, já que esse - enfatizou - era um dos acordos com as autoridades norte-americanas para permitir a entrada de aeronaves militares no território nacional.

Os migrantes serão recebidos pelo Ministro das Relações Exteriores de Honduras, Enrique Reina, e pelo Ministro do Desenvolvimento Social, José Cardona, entre outras autoridades do governo da presidente Xiomara Castro.

Ao chegarem ao país centro-americano, eles receberão alimentação, assistência financeira e informações gerais sobre sua origem, os motivos de sua migração e suas habilidades.

Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, pelo menos 250.000 hondurenhos enfrentam processos de deportação nos Estados Unidos, embora nem todos estejam detidos.

Brasil

Na última semana, brasileiros deportados dos Estados Unidos chegaram ao Aeroporto de Manaus, no Amazonas, algemados, o que motivou críticas do governo brasileiro. As autoridades solicitaram a remoção das informações ao receber os deportados, afirmando que a prática é incompatível com as normas locais. O episódio reacendeu debates sobre as diferenças culturais, jurídicas e políticas entre os dois países.

Parlamentares da Bancada do PT na Câmara usaram suas redes sociais para parabenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, por ordenarem a retirada de correntes e algemas de brasileiros deportados pelo governo dos Estados Unidos. Para Lula e o ministro da Justiça, o tratamento desumano dado pelos EUA foi um “flagrante desrespeito aos direitos fundamentais dos cidadãos brasileiros”. Os petistas denunciaram Trump por humilhar os brasileiros e também cobraram posicionamento dos parlamentares bolsonaristas, que bajulam Trump e suas políticas extremistas e permaneceram em silêncio diante da clara violação dos direitos humanos.

Por determinação de Lula, a Força Aérea Brasileira (FAB) enviou um avião para transportar os deportados de Manaus até o aeroporto de Confins, em Minas Gerais. A operação se deu após a chegada, na sexta-feira (25) de uma aeronave vinda dos Estados Unidos com 158 deportados a bordo, todos algemados e acorrentados durante todo o trajeto da viagem dos EUA à capital do Amazonas, A primeira parada estava prevista para Manaus, com destino final em Confins, mas o voo precisou ser cancelado devido a problemas técnicos na aeronave, mais especificamente com o sistema de ar-condicionado.

Para a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), Lula “fez muito bem” em determinar a retirada das algemas e correntes dos pés dos brasileiros. “Não eram criminosos, por que as correntes?”, indagou numa rede social. “Essa é uma situação que vai se intensificar com Trump, que prometeu deportação em massa. E pensar que esses bolsonaristas festejam Trump, que quer humilhar nosso povo”, completou a deputada.

O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG), também disse que a decisão de Lula foi correta, além de garantir o retorno seguro de todos ao seu destino final. “Mais um exemplo de humanidade, soberania e patriotismo verdadeiro de Lula para o povo brasileiro”.

Já o líder do Governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), lembrou que os brasileiros deportados por Trump cantaram o Hino Nacional ao saberem que o presidente Lula ordenou a retirada das algemas e das correntes em todos eles. “O Brasil tem um presidente que defende e pratica nossa soberania”, afirmou.

O deputado e futuro líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), classificou a atitude do governo estadunidense de “absurda” e “covarde”. “Absurdo. Brasileiros deportados de forma covarde por Trump. Lula mandou retirar imediatamente algemas e correntes e enviou avião da FAB para transportá-los de volta pra casa. Nós estamos muito indignados”.
Bolsonaristas capachos de Trump

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) destacou que no Brasil há respeito e dignidade. Ela também criticou os bolsonaristas que apoiam Trump. “Aqui Trump não vai mandar. Nosso país respeita os demais e exige respeito. O presidente Lula determinou tratamento digno aos brasileiros que estão sendo deportados. Enquanto isso, a direita brasileira, barrada na posse, segue como capacho do governo norte-americano”.

O deputado Jilmar Tatto (PT-SP) parabenizou o governo Lula por não deixar que os deportados dos EUA fossem tratados como criminosos. “Isso é um ato de soberania e, principalmente, respeito e humanidade com aquelas pessoas que foram em busca de trabalho e voltaram sendo tratadas como animais”.

Tatto também teceu críticas aos deputados bolsonaristas. “Enquanto isso, os bolsonaristas se curvam e reverenciam Donald Trump como um líder Supremo, batendo continência para a bandeira americana e falando I Love you. Se fingem de patriotas, mas querem abandonar o Brasil e morar em Miami a qualquer custo”.

Bolsonaro

Desde 2006, o Brasil não aceitava voos fretados com deportados. No entanto, a partir de 2017, durante o governo Temer e fortalecido por Jair Bolsonaro, o governo brasileiro permitiu o uso de algemas e facilitou a deportação de cidadãos que vivem em condições irregulares nos EUA.

Brasileiros que são mandados de volta após tentativas de entrar nos EUA de maneira irregular não cometem crime pela lei brasileira, mas promovê-la para obter lucro é considerado crime desde 2017. Em 25 de janeiro de 2020, um voo fretado pelos EUA saiu de El Paso, no Texas, e pousou em Belo Horizonte com passageiros algemados nos pés e nas mãos. Esse foi o segundo voo do tipo autorizado pelo governo Bolsonaro. O primeiro voo chegou em outubro de 2019 com pelo menos 60 pessoas.

Em 26 de janeiro de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro, ao ser informado das algemas, disse: “Lamento, mas é a política deles e temos que respeitar a soberania de outros países”. Bolsonaro afirmou entender a política dos Estados Unidos de deportação de brasileiros que entraram no país sem documentação. Segundo ele, todos os países têm políticas que devem ser respeitadas.

Bolsonaro também criticou a “diplomacia dos sapatos” e a Lei de Migração, sancionada em 2017. “Se você quiser ler a nossa lei de imigração, nenhum país do mundo tem isso que nós temos lá. É uma vergonha a nossa lei de imigração. Eu fui o único a votar contra, foi simbólico, e o único a discursar contra quando ela foi elaborada e votada. Fui muito criticado pela mídia”, disse. Ele acrescentou que a política externa brasileira deve ser voltada ao aumento do turismo e não à vergonha de chanceleres sendo submetidos à revista ao entrar em solo estadunidense.

A decisão de aceitar voos fretados com deportados e as declarações de Bolsonaro refletiram uma mudança significativa na política de imigração e deportação do Brasil, destacando naquela época a complexidade das relações diplomáticas e das políticas de imigração entre Brasil e Estados Unidos.

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