Elas despertam com o sol nas mãos, tecendo o dia em fios de café e pão quente. São arquitetas do invisível, constroem abrigos com um olhar, pontes com um silêncio, universos entre uma panela e um riso sufocado. Nas veias, correm rios que não secam, águas que lavam, nutrem, carregam histórias em suas correntezas.
Há nelas uma geografia íntima de cicatrizes e sementes. Sabem dobrar o tempo, como quem amassa a massa do pão, transformando instantes em eternidade. Uma mãe é um paradoxo em movimento, sua voz é trovão que acalenta, mão firme que afaga, vigília que canta para o sono chegar. Seus braços, pátria sem fronteiras, guardam a tempestade e o porto.
Quantas luas ela trocou por insônias? Quantas estrelas colheu no escuro, enquanto o mundo dormia? Seu amor é medida impossível, cabe no compasso de um abraço e se expande até as bordas do céu. Ela cozinha a vida em panela de pressão, tempera a dor com mel, entrelaça obrigações e sonhos, como quem borda um mapa, com fios de cabelo grisalho.
E quando o cansaço lhe pesa os ossos, ela se reinventa em raiz, mergulha na terra, brota em forma de força, desaba em flor. Aos filhos, entrega verdades como frutas maduras, às vezes ácidas, sempre necessárias. Passam-se décadas até que compreendamos, suas razões eram sussurros de vento norte, guiando navios, que nem sabíamos estar perdidos.
Às mães do planeta, que transformam luta em colheita, dor em memória, espanto em esperança: vosso ofício é semear alvoradas, em solo árido. Sois as guardiãs do milênio que nasceu, tecendo não apenas filhos, mas mundos mais justos entre os dedos calejados. Em vossas lutas, há revoluções. Em vossas vozes, um coro ancestral que não se cala.
Hoje, o planeta gira um pouco mais devagar, para reverenciar vossas pisadas. Porque cada passo de mãe, é um verso não escrito, uma canção que a terra memoriza para cantar, no crepúsculo, quando a luz parece faltar.
BARTHES(CABANA)
Recanto das Letras.
Código de texto: T8330125
Bom dia especialíssimo, minhas queridíssimas!!!

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