Lagartas de mariposas modificadas geneticamente são testadas em fazendas no Brasil

Lagartas-do-cartucho com gene que mata filhotes são testadas em fazendas no Brasil

Por Michael Le Page

Lagartas-do-cartucho machos, portadoras de um gene que mata as fêmeas, foram liberadas em fazendas no Brasil como uma possível forma de controlar populações selvagens de uma grande praga.

Lagartas-do-cartucho geneticamente modificadas para eliminar populações selvagens da praga foram liberadas em plantações de milho no estado de São Paulo, no primeiro teste agrícola com a nova tecnologia. O teste foi um sucesso e agora está sendo expandido, afirma a Oxitec , empresa britânica que criou as lagartas-do-cartucho modificadas.

As lagartas-do-cartucho ( Spodoptera frugiperda ) são, na verdade, lagartas de mariposas. Elas recebem esse nome porque se multiplicam muito rápido e se alimentam de muitas plantas. Enxames de lagartas-do-cartucho podem devastar tudo, de gramados a plantações, em poucos dias.

Elas são nativas das Américas, mas nos últimos anos se espalharam pela África, Ásia e Austrália, reduzindo as colheitas de algumas culturas em até metade . Os métodos convencionais de controle não estão funcionando bem porque algumas cepas desenvolveram resistência a muitos pesticidas.

“Há muito interesse em novas soluções para essa praga”, afirma Neil Morrison, da Oxitec. “Os produtores estão tendo dificuldades para controlá-la com inseticidas.”

Para seu método de controle, a Oxitec utilizou uma cepa de lagarta-do-cartucho ainda suscetível a pesticidas e modificou os machos para que suas fêmeas sobrevivessem apenas na presença de um produto químico específico . Em outras palavras, os machos carregam um gene que mata todas as suas fêmeas  na natureza.

Quando as lagartas-do-cartucho modificadas são liberadas, elas acasalam com fêmeas selvagens . Apenas os filhotes machos sobrevivem, podendo acasalar e transmitir o gene que mata as fêmeas para a próxima geração. Ao contrário dos pesticidas, nenhuma outra espécie é prejudicada.