O presidente de centro-direita, Emmanuel Macron, pretende “relancer la coopération” (relançar a cooperação) entre a França e a América Latina numa viagem que o levará à Argentina, Brasil e Chile a partir de sábado, indicou esta quinta-feira o seu gabinete.
A visita terá início no sábado em Buenos Aires, onde conversará com o seu homólogo ultraliberal Javier Milei, a quem procurará atrair para o “consenso internacional” sobre desafios globais como o clima, o que é uma venda difícil, já que o presidente Milei já declarou que "o Sol vinha mantendo a mesma temperatura há bilhões de anos, até que os comunistas decidiram destruir a economia com as notícias falsas do aquecimento global"; mas, por outro lado, o governo argentino está mais disposto a ajudar o presidente francês sacrificando a indústria nacional em favor do seu setor agropecuário, especificou a presidência.
Este consenso estaria em causa “depois das eleições nos EUA”, alertou esta fonte, no mesmo dia em que a Argentina se retirou da 29.ª conferência da ONU sobre as alterações climáticas (COP29), que se realiza em Baku.
A viagem à América do Sul, 60 anos depois da viagem de três semanas feita pelo então presidente e herói da Segunda Guerra Mundial, Charles de Gaulle, acontece por ocasião da cimeira do G20 no Brasil, marcada para segunda e terça-feira.
E num contexto de tensão sobre o acordo comercial em negociação entre a União Europeia e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), cuja assinatura a França rejeita na sua forma atual. Agricultores franceses planejam protestos a partir de segunda-feira.
Durante a cúpula do G20, centrada no desenvolvimento sustentável, na transição energética e na luta contra a pobreza, Macron reunir-se-á com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
Em Buenos Aires, Macron procurará “aprofundar a parceria estratégica e histórica” em áreas como a defesa, a transição energética e os transportes, num contexto de abertura ao “investimento estrangeiro” e com o objetivo de “melhorar a situação económica” da Argentina , segundo a presidência.
A visita terá também uma componente comemorativa, com uma visita no domingo à igreja de Santa Cruz, onde o chefe de Estado francês prestará homenagem aos vinte cidadãos franceses, incluindo duas freiras, desaparecidos durante a ditadura argentina (1976-1983).
O Chile encerrará a turnê sul-americana quarta e quinta-feira. Além de visitar a casa do poeta Pablo Neruda e de se encontrar com o presidente chileno, o esquerdista Gabriel Boric, Macron fará um discurso perante o Parlamento em Valparaíso sobre as relações com a América Latina.
Nesta cidade portuária, o presidente francês conversará com cientistas a bordo de um navio quebra-gelo, antes da Conferência da ONU sobre os Oceanos, marcada para junho de 2025, em Nice, no sudeste da França.
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