sábado, 30 de novembro de 2024

TOMO MDCLXXX - LITERALMENTE LITERAL

Não é uma questão de redundância, "pleonasmo ou tautologia", mas, é a ausência da capacidade de interação entre as pessoas que  nestes momentos de alta tecnologia, 
está literal.

Todo mundo se comunica, mas ninguém conversa. O que realmente mudou no mundo, estamos falando do mundo existente na minha existência. Poderíamos falar dos meus setenta e dois anos de vida, já que as histórias dos meus pais, estão presentes na construção das histórias de seus dez filhos. Ainda que tenha nascido no interior de São Paulo, onde meus pais passaram, vindos do Nordeste, ah, Norte, para eles.


Nossa reflexão é sobre a compreensão de vizinhança, é bom ressaltar, que nos dois primeiros anos da Sampa da garoa, moramos em vilas sem terrenos baldios, ou seja, havia muitos vizinhos, mas, as estranhezas entre as pessoas, até mesmo entre as crianças eram enormes, as reuniões só ocorriam nas missas, nas doenças e, principalmente nos nascimentos.


No início do nosso terceiro ano em Sampa, mudamos para nossa casa, no alto da Brasilândia, "vila Terezinha" qual muitos ainda chamam de Santa, aqui nossa casa foi a quarta casa da vila, a padaria, o mercado, o açougue, e principalmente o ônibus, ficavam a mais de um quilômetro de distância. Aqui meus pais encontraram seus habitats, já que a distância não impedia as vizinhanças, pelo contrário, as construía. Pessoas radicalmente analfabetas, tinham todas as informações necessárias sobre as outras, quando alguém ficava doente, chegava na casa desta pessoa, o chá certo para a crença do "fármaco da cientificidade da cultura popular", claro, chegava também a canja de galinha, nos nascimentos, nós crianças, éramos excluídos das receitas, mas, chegava também, os alimentos para melhorar a produção de leite, nestes tempos, dificilmente, ouvia-se falar em mulheres com pouca lactação, mas quando acontecia, as mamães de leite apareciam, não se sabe bem da onde, nem das distâncias das casas, acreditem, esta era uma das poucas ocasiões, que a intolerância religiosa, principalmente com as religiões de matriz africana, simplesmente desapareciam.

Falamos deste período em que as casas eram distantes, para lembrar as falas principalmente do seu Enéas, um homem de poucas palavras, que falava emocionado das amizades com vizinhos de mais de uma légua, "sete quilômetros" de casa.

Além das doenças e dos nascimentos, os vizinhos de mais de um quilômetro de distância, também se reuniam para as pamonhas, esta era uma das poucas atividades culinárias do seu Enéas Alves dos Santos.

Neste tempo, muito poucos sabiam ler e escrever, já o trato aritmético, este era facilmente dominado.

Se a capacidade de escrever, inexistia, existia uma outra literatura, as necessidades das pessoas, que motivavam uma rede de informação, que não tecnologia que explique.

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