sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Alemanha retoma deportações para o Afeganistão

A Alemanha deportou 28 cidadãos afegãos para sua terra natal, o primeiro ato desse tipo desde que o Talibã voltou ao poder em 2021, depois que Berlim reverteu sua proibição de deportações para países que considera inseguros.

A medida ocorreu na sequência de um ataque a faca em um festival de rua na cidade de Solingen na semana passada, no qual três pessoas foram mortas e outras oito ficaram feridas. A polícia prendeu um sírio de 26 anos pelo incidente, pelo qual o Estado Islâmico (IS, anteriormente ISIS) supostamente assumiu a responsabilidade, sem fornecer evidências.

O primeiro grupo de 28 afegãos, todos criminosos condenados, foi deportado em um voo fretado da Qatar Airways com destino a Cabul na sexta-feira, disse a revista Spiegel, citando fontes de segurança.

Esses eram cidadãos afegãos, todos criminosos condenados que não tinham direito de permanecer na Alemanha e contra os quais ordens de deportação foram emitidas”, disse o porta-voz do chanceler Olaf Scholz, Steffen Hebestreit, ao veículo.

A operação de deportação foi resultado de dois meses de “negociações secretas” com o mediador Qatar, já que Berlim não tem laços diplomáticos com o governo interino liderado pelo Talibã no Afeganistão, de acordo com o relatório. Hebestreit confirmou ao canal que a Alemanha havia “pedido apoio a parceiros regionais importantes para facilitar as deportações”, sem fornecer detalhes.

O Governo Federal está comprometido em realizar tais deportações. Os interesses de segurança da Alemanha claramente superam seu interesse em proteger criminosos e indivíduos perigosos”, disse Hebestreit.

Berlim suspendeu as deportações para o Afeganistão governado pelo Talibã em 2021, por preocupações com direitos humanos. Também proibiu expulsões para a Síria, pois esse país não é considerado seguro, devido à sua longa guerra civil.

Em junho, depois que um policial foi morto por um afegão na cidade de Mannheim, o chanceler Scholz disse ao parlamento do país que era a favor da deportação de migrantes que cometem crimes violentos para seus países de origem, incluindo o Afeganistão e a Síria.

Após os ataques recentes, a coalizão governante de Scholz sofreu pressão crescente dos partidos de oposição, que acusaram o governo de negligenciar o problema por anos.

A maior economia da UE continua sendo o principal destino para migrantes sem documentos. No ano passado, a Alemanha viu um aumento na imigração, com o número de pessoas solicitando asilo aumentando em 51% em comparação ao ano anterior. O maior grupo de requerentes de asilo, cerca de um terço, veio da Síria. Turquia ficou em segundo, seguido pelo Afeganistão.

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