Em entrevista a uma agência de notícias na quinta-feira, 17 de agosto, Ayoub explicou que Rabat está buscando ativamente novos parceiros devido a mudanças nas prioridades de seus antigos aliados econômicos ocidentais, que retraíram os investimentos após a pandemia de Covid-19.
O Marrocos é o último país a se candidatar formalmente para se tornar membro do BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O embaixador geral da África do Sul nos BRICS e na Ásia, Anil Sooklal, já havia colocado o número de países interessados em ingressar no grupo em mais de 40. O bloco está atualmente recebendo solicitações oficiais de 23 outros países do mundo não ocidental, incluindo Egito, Bangladesh e Irã.
O analista de políticas marroquino Ayoub disse à agência de notícias que essas nações estão se voltando para os BRICS por razões econômicas e porque o “mundo ocidental, especialmente os EUA, além das intimidações, não está dando voz a muitos desses países do terceiro mundo”.
Rabat, diz ele, está “aberto a usar outras moedas” e a adesão ao BRICS será favorável ao seu futuro.
O bloco lançou a ideia de criar uma moeda comum para o comércio intra-membros, que as autoridades dizem que será discutida na cúpula do BRICS em Joanesburgo de 22 a 24 de agosto.
Enquanto isso, Ghali Zbeir, presidente da Autoridade Saharaui de Petróleo e Minerais, disse a jornalistas que a “disposição repentina de Marrocos para se juntar ao BRICS parece estranha”, considerando que ele tem sido visto como o braço forte e um aliado dos EUA, França e Israel.
“Uma nova ordem mundial está, inacreditavelmente, sendo moldada diante de nossos olhos”, afirmou Zbeir. Ele acrescentou que “a velha ordem mundial que seguia os interesses dos países ocidentais não é mais válida” e que o BRICS é “a esperança para a criação de uma ordem mundial mais justa”.
Referindo-se à disputa territorial Marrocos-Saara Ocidental, Zbeir insistiu que a admissão de Rabat no grupo BRICS não deve prejudicar o direito de Laayoune à autodeterminação.
“A questão com o Saara Ocidental diz respeito à descolonização”, disse ele.
O Sahara Ocidental, nomeado pela ONU em 1975, foi a última colónia africana a alcançar a independência, com Marrocos a considerá-lo parte integrante do seu território.
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