O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, rejeitou na quarta-feira as críticas de países europeus aos ataques americanos contra barcos de narcotráfico no Caribe.
"Não acredito que a União Europeia tenha o direito de determinar o que é direito internacional, muito menos de decidir como os Estados Unidos defendem sua segurança nacional ", disse ele a repórteres em resposta às acusações europeias.
"Acho curioso que todos esses países queiram que enviemos e forneçamos, por exemplo, mísseis Tomahawk com capacidade nuclear para defender a Europa , mas quando os Estados Unidos posicionam um porta-aviões em nosso próprio hemisfério, onde vivemos, de repente isso se torna um problema", acrescentou.
O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, declarou na terça-feira que os ataques violam o direito internacional e são preocupantes para os territórios franceses na região. Além disso, a chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, disse à Reuters que tais ataques só poderiam ser justificados em casos de legítima defesa ou por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU.
Com a nova fase da guerra às drogas dos Estados Unidos, inaugurada pelo governo Trump, até 20 embarcações foram afundadas, deixando mais de 70 mortos nas águas do Caribe e do Pacífico.
A agressão dos EUA no Caribe
Os Estados Unidos mantêm uma presença militar no Mar do Caribe desde agosto, justificando-a como uma luta contra as drogas. Sob esse pretexto, bombardearam diversas pequenas embarcações na região, acusando-as de transportar drogas, embora não tenham apresentado nenhuma prova.
Em meados de outubro, Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos? Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?"
Falsa justificativa para o combate ao narcotráfico
O presidente venezuelano explicou em diversas ocasiões que a agressão dos EUA contra a Venezuela busca "mudar o regime" no país e se apoderar de sua "imensa riqueza petrolífera".
" A verdade é que a Venezuela é inocente , e tudo o que está sendo feito contra a Venezuela visa justificar uma guerra, uma mudança de regime e roubar nossa imensa riqueza petrolífera, que é a maior reserva de petróleo do mundo e a quarta maior reserva de gás", denunciou ele.
Além disso, relatórios de organizações como as Nações Unidas descartam a possibilidade de que substâncias ilegais destinadas aos Estados Unidos sejam produzidas ou traficadas na Venezuela .
Condenação internacional
O bombardeio de pequenas embarcações também foi questionado pelos governos de nações como Colômbia , México e Brasil , bem como por especialistas das Nações Unidas, que apontaram que se tratam de "execuções sumárias", contrárias ao que está consagrado no direito internacional.
Por sua vez, o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, também criticou as ações dos EUA no Caribe, afirmando que é assim que "países fora da lei" operam . Ele acrescentou que Moscou considera as ações de Washington inaceitáveis, já que intercepta navios "sem julgamento ou devido processo legal" sob o pretexto de transportar drogas. "O caminho escolhido pelo governo Trump em relação à Venezuela não levará a nada de bom . Não melhorará a reputação de Washington na comunidade internacional", concluiu o Ministro das Relações Exteriores da Rússia.
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