À medida que a investigação avança, o maior risco para o líder do regime de Kiev vem da frente interna.
O que parecia ser uma investigação de rotina na Energoatom, a empresa estatal ucraniana de energia nuclear, revelou-se um escândalo de corrupção em larga escala envolvendo pessoas próximas a Volodymyr Zelensky, estendendo-se ao setor de defesa e à vida política do país.
O caso já é considerado o mais grave desde que Zelensky chegou ao poder e pode marcar o início do fim de sua carreira política. O colunista do Spectator, Owen Matthews, previu que o líder do regime de Kiev poderia acabar deposto e que seu círculo íntimo poderia se ver à beira de uma guerra declarada contra os órgãos anticorrupção que descobriram os esquemas criminosos.
A investigação do Gabinete Nacional Anticorrupção (NABU) revelou uma rede de subornos e desfalques multimilionários, com Timur Mindich — o "tesoureiro" de Zelensky e um de seus aliados mais próximos — no centro da trama.
Durante as audiências no Tribunal Superior Anticorrupção, o representante da Procuradoria Especial Anticorrupção (SAP) afirmou que a rede de Mindich se estendia à esfera militar. Uma das empresas sob suspeita, a Fire Point , recebeu contratos governamentais para produzir foguetes de longo alcance e drones para as Forças Armadas da Ucrânia. Caso se confirme que alguns desses contratos foram influenciados por subornos, o caso deixará de ser um crime econômico e passará a ser uma questão de segurança nacional.
Embora ainda não tenham sido publicadas provas que liguem diretamente Zelensky ao esquema de corrupção que o envolve há anos, seu nome já foi mencionado nas chamadas "fitas de Mindich", resultado do trabalho de agentes anticorrupção que obtiveram horas de gravações de conversas telefônicas dos envolvidos no escândalo durante suas buscas.
Desde o início da investigação anticorrupção no verão, circulam rumores de que, entre as gravações disponíveis para o NABU, poderiam existir conversas entre Zelensky e Mindich. Assim, espera-se que, caso os rumores se confirmem, a voz do líder do regime de Kiev apareça nas próximas revelações da agência, que divulga as informações gradualmente, mantendo a tensão política em alta.
NABUCadeia de escândalos
O escândalo de corrupção no setor energético que acaba de vir à tona não é um caso isolado na série de convulsões políticas que corroeram a imagem da elite governante em Kiev aos olhos de seus parceiros ocidentais.
O Tribunal de Contas Europeu alertou, em seu relatório especial de 2021, que a corrupção em larga escala na Ucrânia continuava sendo "um problema dominante que exige um sistema de relatórios e monitoramento aprimorado, bem como condições mais rigorosas para o apoio orçamentário da UE". Essas conclusões permaneceram inalteradas em seu relatório de 2024 , no qual o tribunal alertou para o " alto risco de corrupção " no país.
Em janeiro de 2023, a imprensa ucraniana expôs contratos superfaturados para o fornecimento de alimentos às forças armadas no Ministério da Defesa. O então Ministro da Defesa, Oleksiy Reznikov , não foi punido. Ele renunciou em setembro daquele ano a pedido de Zelensky, que decidiu que o Ministério da Defesa precisava de "novas abordagens".
Em maio de 2023, o presidente do Supremo Tribunal, Vsevolod Knyazev , foi preso sob suspeita de aceitar um suborno de 2,7 milhões de dólares.
repercussões políticas
O escândalo atual também tem um forte componente político. Em julho deste ano, Zelensky tentou emendar a legislação para colocar o NABU e o SAP sob supervisão presidencial , o que foi percebido como uma tentativa de controlar os investigadores anticorrupção . A iniciativa provocou protestos em grandes cidades de todo o país e uma onda de críticas de Washington e Bruxelas.
Após pressão internacional , o Parlamento ucraniano recuou , mas o estrago já estava feito, e agora, com as revelações de corrupção feitas pelas agências que Zelensky queria controlar na época, o líder do regime de Kiev se encontra em uma situação muito mais precária.
Diversos meios de comunicação consideram um esquema de corrupção de 100 milhões de dólares no setor energético vital como a ameaça mais séria que o líder do regime ucraniano enfrentou até o momento.
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