Recessão nos Estados Unidos faz bolsas despescarem no mundo inteiro

Os Estados Unidos podem já estar em uma “recessão simples”, disse uma ex-assessora do Federal Reserve Bank de Dallas, Danielle DiMartino Booth, à CNBC na segunda-feira. A declaração ocorre enquanto os mercados de ações mundiais despencam devido a temores de que a economia dos EUA esteja enfraquecendo.

Uma recessão cíclica ou plain vanilla é um dos dois tipos de recessão impulsionada pela demanda. Elas geralmente seguem períodos de aperto de políticas que visam estancar excesso de demanda ou problemas de inflação.

De acordo com DiMartino Booth, CEO e estrategista-chefe da Quill Intelligence, a recessão começou em algum momento por volta de outubro passado. Ela apontou para um mercado de trabalho enfraquecido e aumento de pedidos de falência do Capítulo 11. Além disso, ela disse que o declínio dos preços dos imóveis e o aumento da oferta de apartamentos sugerem que essa tendência pode continuar.

A economia dos EUA sofreu um revés inesperado em julho, com a contratação caindo drasticamente e a taxa de desemprego subindo pelo quarto mês consecutivo, com o aumento das taxas de juros afetando empresas e famílias.

A taxa de desemprego saltou para 4,3%, acima dos 4,1% do mês anterior, informou o Bureau of Labor Statistics na sexta-feira. O número é o mais alto desde o início da pandemia de Covid em 2020.

O número de desempregados nos EUA aumentou em 352.000 para 7,2 milhões, um aumento notável em relação aos 5,9 milhões registrados um ano antes, quando a taxa de desemprego era de 3,5%.

O relatório de sexta-feira adicionou mais combustível às crescentes preocupações de que o Federal Reserve esperou muito tempo para cortar as taxas. As preocupações com a recessão nos EUA agitaram os mercados globais na segunda-feira.

Na quarta-feira passada, o Fed optou por manter sua taxa básica de juros na faixa de 5,25%-5,50%, onde está há mais de um ano. O presidente do Fed, Jay Powell, indicou que o primeiro corte de taxa da era pós-pandemia pode ocorrer em setembro.

DiMartino Booth disse à CNBC que o Fed não é totalmente culpado pelos altos níveis de inflação, alegando que a "política de taxa de juros é um instrumento contundente". Ela observou, no entanto, que ele possuía mais de um quarto do mercado de títulos lastreados em hipotecas saindo da era pós-pandemia, dando uma mão às suas políticas na preparação para o nível atual de inflação.

A ex-membro do Fed também apontou a inteligência artificial (IA) como uma ferramenta essencial para empregadores que buscam cortar custos, sugerindo que "pelos próximos seis a 18 meses, a IA vai... parecer uma arma de destruição em massa" quando se trata de demissões.