A manifestação neonazi deste sábado, dia 3 de fevereiro, foi mais um sinal das ameaças à democracia que espreitam ao virar da esquina. Entre 100 a 150 neonazis, munidos com tatuagens assustadoras e muitos deles ligados a claques de futebol, marcharam por Lisboa com faixas e tochas.
O espetáculo cénico que montaram teve ampla repercussão na comunicação social, com diretos e diretos a serem feitos. Os neonazis adoraram a atenção que receberam, mas, sobretudo, o medo que despertaram entre a comunidade imigrante.
Mais uma linha vermelha foi ultrapassada este sábado: há muito que não víamos neonazis a perderem a vergonha em marchar pelas ruas gritando palavras de ódio. É uma consequência da normalização do ódio e da extrema-direita em amplos setores da sociedade portuguesa, mas há sempre quem resista.
Ao mesmo tempo, a pouco mais de um quilómetro, mais de duas mil pessoas juntavam-se no Intendente no combate ao ódio e ao fascismo, em solidariedade com a comunidade imigrante. O amor, o companheirismo e a solidariedade superaram o ódio.
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- Polícias sem lei: o ódio de 591 agentes de autoridade -- Filipe Teles e Pedro Coelho
- Licença para odiar: como nasce uma filial dos Proud Boys em Portugal -- Ricardo Cabral Fernandes |
- Steven Forti: "A extrema-direita quer esvaziar a democracia radicalizando a direita tradicional e a opinião pública" -- João Biscaia
Mapeámos pela primeira vez em Portugal o universo dos símbolos e das organizações de extrema-direita entre 1974 e 2021. Este wiki mostra como se organiza e organizou a extrema-direita em Portugal, quais as ligações entre as suas forças políticas, quem as liderava e como se financiava, quais as influências ideológicas e tendências. Mas também as suas rivalidades e atos de violência, de ameaça à democracia e a uma sociedade que se quer inclusiva e plural.
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